Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro (Lc
16,13).
Este texto faz parte de um capítulo aparentemente
fragmentado, mas que realmente tem como tema unificador o uso dos bens
materiais em benefício dos outros, especialmente dos mais necessitados. Jesus
conta uma parábola que parece louvar o suborno que um administrador de fazenda
comete para “comprar” amigos para o dia em que for despachado do seu serviço.
Admiramo-nos de que Jesus tenha escolhido esse exemplo para explicar que
ninguém pode servir a dois senhores: Deus e o dinheiro.
A riqueza não apenas não
nos acompanha (cf. Lc 13,16-21), mas pode tornar-
se causa de nossa condenação.
Que dizer, então, de uma sociedade que põe tudo a serviço do lucro?
Aí está a fineza de
Jesus. Mostra que nem mesmo um administrador inescrupuloso almeja somente o
dinheiro. Esse “filho das trevas” é previdente, larga peixe pequeno para
apanhar grande. Diminui o débito dos devedores para lograr a amizade das
pessoas, a qual vai lhe ser muito mais útil que o dinheiro.
A lição para nós é: dar
preferência àquilo que combina com Deus e o seu
projeto, acima da riqueza
material. E o projeto de Deus é: justiça e amor para com os seus filhos, em
primeiro lugar os pobres.
A riqueza de nossa
sociedade deve ser usada para estarmos bem com os pobres. A riqueza é
passageira. Se vivermos em função dela, estaremos algum dia com “as calças na
mão”. Mas se a tivermos investido num projeto de justiça e fraternidade para
com os mais pobres, teremos ganhado a amizade deles e de Deus, para sempre.
Observe-se que Jesus
declara o dinheiro injusto – todo e qualquer dinheiro.
Pois, de fato, o dinheiro
é o suor do operário acumulado nas mãos daqueles que se enriquecem com o
trabalho dele. Todo o dinheiro tem cheiro de exploração, de capital não
invertido em bens para os que trabalham. Mas já que a sociedade, por enquanto,
funciona com este recurso injusto, pelo menos usemo-lo para a única coisa que
supera a caducidade de todo esse sistema: o amor e a fraternidade para com os
outros filhos de Deus, especialmente os mais deserdados e explorados. Assim
corresponderemos à nossa vocação de filhos de Deus. Não serviremos o dinheiro,
mas o usaremos para servir o único Senhor.
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