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12/14/2011

SEJA MISSIONÁRIO TAMBÉM!

       BISPO DE PARMA MISSIONÁRIO DO MUNDO!


 Os dons que Deus faz a uma pessoa são para o bem de todos. A canonização de Dom Guido Maria Conforti é algo que enriquece não somente a familia xaveriana mas também a Igreja e o mundo. Ele foi um grande missionário mas ‘fora do comum’, pois não partiu para as missões, viveu sempre no seu pais de origem, a Italia.


Ainda jovem, durante os anos do seminário, tinha lido uma biografia do grande Francisco Xavier que, na época de 1500, tinha ido ao continente da Ásia para evangelizar os povos da Índia, da Indonésia, da Malásia, do Japão. Francisco morreu às portas da China, na tentativa de levar o evangelho ao ‘Gigante da Ásia’. Quase quatro séculos depois, em Parma, o jovem seminarista Guido Conforti quis continuar o projeto interrompido de Francisco: ser missionário na China. Guido escreve umas cartas à várias congregações religiosas da Itália, manifestando a sua disponibilidade de ir às missões, mas não obteve resposta.

Como se não bastasse, surgiu outra grande dificuldade: a saúde dele muito fraca, uma misteriosa doença que o acompanhou por vários anos, até pouco antes da ordenação sacerdotal. Guido nao desanimou frente a estas dificuldades que pareciam barrar os seus sonhos . Aliás, ele soube passar de um projeto exclusivamente ‘seu’ pessoal, bonito mas limitado, a um projeto maior, de todos, da Igreja. Nisso está um dos sinais de santidade. Apesar que as coisas nao acontecessem como ele queria, soube igualmente confiar em Deus e deixar que somente Deus “dançasse” os passos de sua vida.

Guido não foi missionário pessoalmente, mas contagiou outras pessoas ao seu ideal, formando uma familia de missionarios. Dom Guido nao foi um ‘adventureiro heróico’, não enfrentou viagens perigosas, não foi um martir, não fez nada ‘fora do comum’.


Para ser missionário, de fato, não precisa necessariamente partir, devorar quilometros e realizar grandes obras, basta somente, após encontrar o Ressuscitado, querer anunciá-lo aos outros, como fizeram os dois de Emaús. O discipulo torna-se necessariamente missionário. Dom Guido fez esta experiência quando, ainda menino, em Parma, indo para a escola, dentro de uma igreja, contemplava um crucifixo que, com os seus braços abertos, indicava a universalidade da missão.
 
Hoje em dia muitas pessoas vão a igreja para receber favores ou pedir alguma coisa. Contemplando diariamente aquele crucifixo, Guido percebeu que ele devia não receber e sim oferecer a própria vida. Aquele crucifixo que abraçava todos os povos da terra precisava dele para realizar um projeto: fazer do mundo uma só família que abraçasse a humanidade. 

 Guido ingressara’ no seminário de Parma pouco tempo depois. Desde os anos de sua juventude, os altos muros do seminário não lhe impediam, antes estimulavam seus sonhos de evangelizar a China.  Anos depois, como sabemos, será bispo incansável, servindo o seu povo sem poupar esforços e enfrentando grandes sacrifícios. Ainda assim, Guido não somente não se fecha na própria diocese, mas sente também a força e a urgência da missao ‘alem-fronteiras’, por isso decide formar uma família missionaria. 

Tinha somente 23 anos quando começou a pensar neste ousado e dificil projeto. Nao se intimidou diante das dificuldades. Na qualidade de bispo, foi animador missionário da Igreja italiana e fez questão que os cristãos da Itália se preocupassem, eles tambem, pela missão além-fronteira e não somente pelo próprio país.

Dom Guido foi, ao mesmo tempo, bispo de Parma, mas missionário para o mundo, pastor do unico rebanho, que incluía a diocese de Parma e também a imensa missão da China, que Roma confiara aos xaverianos, onde seus filhos estavam evangelizando. Ele mesmo deu o exemplo: se abriu aos imensos horizontes do mundo, acompanhou, sustentou e visitou pessoalmente os seus na China, pouco antes de morrer. 

Mesmo precisando de padres para a sua diocese (pouquíssimos frente à enorme necessidade de tantas paróquias) envia à China vários missionários, convencido que quem doa com generosidade recebe muito mais, pois (como afirma a conferencia de Aparecida) a missão evangelizará também as nossas igrejas e comunidades com as riquezas partilhadas de outros continentes.



Diz ainda o Documento de  Aparecida que a missão Ad Gentes (aos povos nao-cristãos, fora do Brasil) não é uma generosidade da Igreja na América Latina, é um dever que se converterá em riqueza para o mesmo continente.

Conforti tinha entendido, jà naquela época, que ‘devemos dar de nossa pobreza’ e que não podemos dar somente aquilo que sobra, muito pelo contrário, devemos doar à missao as melhores forças, pessoas, meios.. Neste sentido Conforti foi um bispo contra-corrente dentro da Igreja italiana daquela época. Ele polemizava com aqueles que o acusavam de estar ‘desviando forças e pessoas  das dioceses em vista da missão.

Ele foi um bispo extremamente comprometido como pastor. Amava tanto a atividade pastoral que procurava estar sempre no meio do seu povo e dos seus padres, confessando, escutando, pregando em público a Palavra de Deus. Visitava pessoalmente os doentes e os presos. Um dia, após uma grande fadiga (tinha acabado de visitar uma paróquia sobre os montes) disse ao seu secretário: “Pe. Dino, durante a visita pastoral me parece de ser como na missao: como volto de mau gosto para casa!”. Dom Guido soube operar uma síntese maravilhosa entre vida ativa e contemplativa, e isso lhe permitiu ser um autêntico pastor segundo o coração de Cristo. Nunca abandonou, ao longo de toda a sua vida, o encontro com aquele Crucifixo que parecia dizer-lhe muitas coisas.. 

Guido foi Pastor de dois rebanhos.. mas isso vale também para todo batizado! O primeiro rebanho são as pessoas que lhe são confiadas, na familia, na comunidade, no trabalho. Entre nós há tanta gente afastada da Igreja e ‘distante’... tantos empobrecidos e marginalizados...


Mas existe um segundo rebanho: o mundo. O discípulo é responsável por toda a humanidade, por aqueles que ainda (a grande maioria), na terra, ignoram o amor do Pai e a fraternidade do Reino. Não podemos ficar indiferentes.
 Dom Guido pensava que todo cristão deve, de certa forma, se sentir responsável também das Missões entre os não cristãos, nos 5 continentes da terra. Nisso Ele antecipou (naquela época!) a abertura missionária do Vaticano II e de Aparecida: “Para não cair na armadilha de fechar-se em si mesma, a nossa Igreja Latino-americana deve formar-se como discípula missionária sem-fronteira, disposta a ir ‘a outra margem’, onde Cristo ainda não é reconhecido como Deus e Senhor”.


 São Guido Conforti torna-nos discípulos missionários alegres e convencidos do Evangelho. Suscita numerosas e autenticas vocações missionárias entre os jovens. Ajuda as nossas comunidades e grupos a se abrirem mais ao mundo e a cada irmão e irmã. O teu exemplo de Bispo Missionario nos contagie para que a Missão universal nos envolva todos, em tudo e para sempre. Torna-nos, como tu, missionários/as do mundo!


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