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4/26/2012

O CRUCIFIXO DA ESPERANÇA

Por Pe. Alfiero Ceresoli, sx

Há muitos modos de se olhar para o crucifixo. Os próprios evangelistas abriram caminho às várias interpretações. Na cruz, Marcos percebe o abandonado por todos: “abandonando-o, todos fugiram”. Até mesmo o Pai parece ter abandonado aquele filho amado, e lhe arranca a pergunta: “Pai, por que me abandonaste?”.

Mateus descobre na dramática história do Mestre de Nazaré, a realização das Sagradas Escrituras; Lucas contempla o mártir que morre perdoando. Certamente todos vêem as feridas, o sangue, a humilhação, a imensa dor, mas a atenção se desvia para outros lugares. João ouve os insultos, o suplicio dos pregos que lhe fere a alma – lembrará aquela tortura no dia da ressurreição – mas prefere contemplar o Rei vitorioso, que dá sua vida e reúne sua Comunidade com a manifestação do Espírito.

E assim, ao longo dos séculos: o Crucificado, sacerdote e o Crucificado ensangüentado coberto de chagas, o Crucificado sereno e sorridente, e o Crucificado cheio de dores e quase desesperado.
O Aleijadinho, escultor barroco do século XVII, via no Cristo sofredor o semblante dos escravos enforcados e todos os seus crucificados apontam um hematoma no pescoço, sinal da corda do enforcamento.

O missionário na escola do Beato Guido Conforti, fundador dos xaverianos, contempla Cristo na cruz com o olhar de quem foi enviado para anunciar a vida, aquela vida que nasce exatamente onde a morte triunfa. Parece dominar a morte!

O missionário detendo-se todo dia ao pé do crucifixo, ouve o perdão e a misericórdia, palavras de justiça e de paz; vê apagada toda violência e percebe a ansiedade de reunir a humanidade em uma só família de irmãos e irmãs; descobre a esperança de um mundo novo; admira a explosão do amor para todos e para sempre. Contempla a beleza do Dom da Vida, a maravilha da loucura que é a sabedoria e a força de Deus, a promessa vencedora da cruz. Sem qualquer medo, pode exaltá-la entre todos os povos não para obter inúteis e vãos triunfos, mas para apresentar uma lógica diferente: um Deus diferente. Conclui o Beato Guido:

“Para esse missionário que parte para terras longínquas para anunciar a boa nova, não se fornece qualquer outra arma a não ser aquela do crucificado porque essa possui o poder de Deus e por ela ele irá triunfar acima de tudo e de todos depois de ter triunfado sobre si mesmo”.

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