Carlos
Mesters
Francisco
Orofino
6. Conteúdos e Recursos didáticos
O sistema educativo da época era bem diferente de
hoje. Jesus era Mestre, Rabino. Não era professor. Seus formandos não eram
alunos, mas sim discípulos e discípulas. Mesmo assim, apesar de ser diferente
de hoje, vamos arriscar uma resposta para a seguinte pergunta: Quais eram os conteúdos
e recursos didáticos em que Jesus mais insistia e a que dava mais atenção no
processo de formação dos discípulos?
* O testemunho de vida.
O recurso básico que Jesus utiliza na formação dos
discípulos é o testemunho de sua vida: "Segue-me" (Lc 5,27). “Venham
e vejam” (Jo 1,39). "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jn 6 14,16).
O discípulo tem na vida do Mestre uma norma (Mt 10,24-25). Neste seu testemunho
de vida Jesus reflete para os discípulos os traços do rosto de Deus: "Quem
me vê, vê o Pai" (Jo 14,9). A raiz da Boa Nova é Deus, o Pai. A raiz da
transparência de Jesus é a sua fidelidade ao Pai e a sua coerência com a Boa
Nova que anuncia e irradia.
* A Vida e a natureza.
Jesus descobre a vontade do Pai nos fenômenos mais
comuns da natureza e a transmite aos discípulos e discípulas: na chuva que cai
sobre bons e maus ele descobre a misericórdia do Pai que acolhe a todos (Mt
5,45); nos pássaros do céu e nos lírios do campo ele descobre os sinais da
Divina Providência (Mt 6,26-30). A sua maneira de ensinar em parábolas provoca
os discípulos a refletirem sobre as coisas mais comuns do dia a dia da sua vida
(Mt 13,1-52; Mc 4,1-34). As parábolas de Jesus são um retrato da vida do povo e
da realidade confusa e conflituosa da época.
* As grandes questões do momento e as
perguntas do povo.
O crime de Pilatos contra alguns romeiros da Galiléia,
a queda da torre de Siloé em construção que matou 18 operários (Lc 13,1-4), a
discussão dos discípulos em torno de quem deles era o maior (Mc 9,33-36), a
fome do povo (Lc 9,13), o ensinamento dos escribas (Mc 12,35-37) e tantos outros
problemas, fatos e perguntas do povo funcionavam como gancho para Jesus levar
os discípulos a refletir, a cair em si e a descobrir algum ensinamento ou apelo
de Deus.
Em qualquer lugar onde encontrava gente para
escutá-lo, Jesus transmitia a Boa Nova de Deus: nas sinagogas durante a
celebração da Palavra nos sábados (Mc 1, 21; 3,1; 6,2); em reuniões informais
nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com
os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc
4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc
1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem –aventuranças (Mt
5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes
(Mc 6,55- 56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias,
diariamente, sem medo (Mc 14,49).
* Memorização na base da repetição.
Não havia livros, nem manuais como hoje. O ensinamento
era baseado na repetição do conteúdo a fim de favorecer a memorização. Isto
ainda transparece em algumas partes dos discursos de Jesus, conservados nos
evangelhos. O final do Sermão da Montanha, por exemplo, repete duas vezes, de maneira
rítmica, com poucas diferenças, a mesma frase (Mt 7,24-25 e 26-27).
* Momentos a sós com os discípulos.
Várias vezes, Jesus convida os discípulos para ir com
ele a um lugar distante, seja para instruir (Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10;
13,3), seja para descansar (Mc 6,31). Ele chegou a fazer uma longa viagem ao
exterior na terra de Tiro e Sidônia para poder estar a sós com eles e
instruí-los a respeito da Cruz (Mc 8,22-10,52).
* A Bíblia e a história do povo.
Nem sempre é possível discernir se o uso que os
evangelhos fazem do AT vem do próprio Jesus ou se é uma explicitação dos
primeiros cristãos que, assim, expressavam o alcance da sua fé em Jesus. Seja
como for, é inegável o uso constante e frequente que Jesus fazia da Bíblia. Ele
conhecia a Bíblia de cor e salteado. Como ainda veremos, Jesus se orientava pela
Sagrada Escritura para realizar sua missão e ele a usava para instruir os
discípulos e o povo.
* A Cruz e o sofrimento.
Quando ficou claro para Jesus que as autoridades
religiosas não iam aceitar a sua mensagem e que decidiram matá-lo, ele começou
a falar da cruz que o esperava em Jerusalém (Lc 9,31). Isto provocou reações
fortes nos discípulos (Mc 8,31-33), pois na lei estava escrito que um crucificado
era um “maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Como um maldito de Deus poderia ser o Messias?
Por isso, a partir deste momento crítico, o eixo da formação que Jesus dava aos
discípulos consistia em ajudá-los a superar o escândalo da Cruz (Mc 8,31-34;
9,31-32; 10,33-34). Estes são alguns dos recursos didáticos usados por Jesus na
formação dos discípulos e discípulas. Alguns destes recursos eram diferentes de
hoje, outros eram iguais.
JOVEM! DEIXE SE FORMAR POR JESUS CRISTO. ELE QUER FAZER DE VOCE DISCÍPULO MISSIONÁRIO PARA ANUNCIAR O REINO DE DEUS AOS POVOS QUE AINDA NÃO O CONHECE. ENTRE EM CONTATO COM OS MISSIONÁRIOS XAVERIANOS, escrevendo para joaobortoloci@bol.com.br
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