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7/03/2019

"DEUS CHAMA A GENTE PRA UM MOMENTO NOVO"

O novo abrindo caminho, a transformação acontecendo.
3º. Bloco – Lucas 5,1 a 9,50

1-      “Deus chama a gente pra um momento novo”

No 2º. Bloco, Jesus atuava sozinho, dando continuidade e complementação às promessas que vinham do Antigo Testamento. Agora, no 3º. Bloco, na medida em que a missão se abre, ele vai chamando outras pessoas para seguí-lo. Chama Pedro, Tiago e João (Lc 5,1-11), chama Levi (Lc 5,27-31, escolhe os doze (Lc 6,12-15). Pouco a pouco, estas e outras pessoas, homens e mulheres (Lc 8,1-3), vão sendo envolvidas na missão, chamadas a ir na frente de Jesus para anunciar a boa Nova do Reino ao povo (Lc 9,1-6). Forma-se assim, uma comunidade de homens e mulheres, em igualdade de condições. Amostra do Reino.

2-      O novo abrindo caminho, a transformação acontecendo
No 2º. Bloco (3,1 a 4,44), já dava para ver as diferenças entre o Antigo e o Novo. Já dava para ver a universalidade da missão de Jesus. Agora, no 3º. Bloco, esta semente desabrocha. O Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo. As linhas de força da mensagem de Jesus vão aparecendo com maior clareza. Aparecem também os conflitos que a Boa Nova provoca quando entra em contato com a mentalidade antiga. Pois Jesus acolhe todo tipo de pessoas, sobretudo as que, em nome da lei de Deus, eram excluídas do convívio na comunidade: leprosos (5,12-16), paralíticos (5,13-26), publicanos (5,26-32), os pobres (6,20-23), estrangeiros (7,1-10). Para o bem das pessoas Jesus transgride as normas do jejum (5,33-39), do sábado (6,1-10), da pureza (5,13) e amplia a comunhão de mesa (5,30). Num longo discurso, ele denuncia a injustiça dos ricos que gera pobreza (6,20-26) e manda ter uma atitude diferente para com os inimigos (6,27-38). Toda esta prática de Jesus desnorteia até João Batista, mas Jesus não volta atrás. Ele manda João olhar os fatos e compará-los com as profecias (7,18-30). Critica os que não sabem ler os sinais dos tempos (7,31-35), defende a moça do perfume contra o fariseu (7,36-50). É assim que o novo vai abrindo caminho e que a transformação vai acontecendo. Em Jesus aparece um poder maior: ele acalma a tempestade (8,22-25), expulsa demônios (8,26-39), vence a impureza e ressuscita os mortos (8,40-56). Afinal quem é este Jesus que age e fala desta maneira?

3-      “Quem dizem os homens que eu sou?”

No fim, Jesus faz uma avaliação da caminhada e pergunta: “Quem sou eu no dizer da multidão?” (9,18-21). O resultado é fraco. O povo não sabe quem é Jesus. os discípulos reconhecem nele o Messias, mas o entendem conforme a propaganda do governo e da religião  oficial, que esperavam um Messias glorioso nacionalista. Jesus anuncia que o Messias vai ser morto, e quem quiser seguí-lo no mesmo compromisso com os pobres e excluídos vai ter que carregar a mesma cruz (9,22-27). É o momento da crise, tanto para Jesus como para os discípulos. Jesus sobe a montanha para rezar. Lá em cima, ele se transfigura. De Moisés e Elias recebe a confirmação de que deve realizar o seu “^êxodo”em Jerusalém (9,28-36). Nem assim os discípulos entendem o anúncio da cruz (9,44-45). Eles continuam brigando entre si para saber quem é o maior (9,46-48) e pensam ter o monopólio sobre Jesus (9,49-50). A idéia do Messias glorioso, divulgada pelo Templo de Jerusalém, impedia a eles de ver em Jesus o Messias Servidor, anunciado por Isaías. Diante desta conjuntura, Jesus decide ir para Jerusalém e enfrentar o problema.

4-      Chamados a fazer uma opção.

As duas afirmações : felizes vocês, pobres!” e “Ai de vocês, ricos!” levam os ouvintes a fazer uma escolha, uma opção, a favor dos pobres. No Antigo Testamento, várias vezes, Deus colocou o povo diante de uma escolha de benção ou de maldição. Ao povo foi concedida a liberdade para escolher: “Eu lhes propus a vida ou a morte, a benção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver”(Dt 30,19). Não é Deus quem condena. Somos nós que nos condenamos mediante nossas escolhas. Deus visita o seu povo (Gen 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; 32,34; Jer 29,10; Sl 59,6; Sl 65,10; Sl 80,15; Sl 106,4). Lucas é o único evangelista a empregar esta imagem da visita de Deus (Lc 1.68.78; 7,16; 19,44; At 15,16). Para Lucas Jesus é a visita de Deus que coloca o povo diante da escolha da benção ou da maldição: “Felizes vocês pobres!” e “Ai de vocês, ricos!” Mas o povo não reconheceu a visita de Deus (Lc 19,44).


 (Baseado no livro O Avesso é o lado certo – Carlos Mesters e Mercedes Lopes )

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