Por: Pe. Giovanni Mezzadri
Pe. Giovanni Mezzadri, conta como se tornou missionário xaveriano e qual foi o importante papel de um santo frei capuchino na sua caminhada. Atualmente é Vice Reitor do Seminário Xaveriano em Londrina –Pr.
Nasci em Parma, na Itália, próximo à Casa Mãe das Missionárias de Maria – Xaverianas. As mulheres da paróquia, como minha mãe, participavam freqüentemente das palestras das missionárias, sobretudo da fundadora Madre Celestina Bottego. As missionárias incentivavam as mulheres a rezar muito pelos povos do mundo inteiro, e a consagrar seus filhos à Nossa Senhora para as missões. Destas consagrações saíram um Bispo, dois padres xaverianos, dois padres diocesanos e várias Irmãs.
Minha mãe morreu quando eu tinha nove anos de idade. Meu pai casou-se novamente e a segunda mãe nos acudiu com muito amor.
Na minha família recebíamos sempre a imprensa missionária dos xaverianos. Líamos com gosto as “aventuras” dos padres que trabalhavam na China. Um dia, num desses jornais, apareceu um artigo que falava dos poucos evangelizadores que havia na América Latina e que tinha um seminário que acolhia jovens para se tornarem missionários. Aquele artigo foi a rede que Jesus lançou para me apanhar. Infelizmente, porém, não fui generoso. Procurei escapar da rede, sufocar este chamado.
Fui trabalhar de torneiro mecânico numa firma de Parma. À noite estudava desenho técnico.
Depois fui para Ravenna, numa grande firma com três mil operários e ganhava bem melhor. O clima das fábricas naquele tempo era impregnado de anticlericalismo. Mas os missionários eram poupados das críticas, pois até os mais fanáticos comunistas tinham respeito para com a dedicação e a abnegação deles.
Meu objetivo era formar uma família. Namorei, mas depois de três meses desisti. Precisava antes resolver algo que não me deixava tranqüilo. Aquela moça não merecia ser enganada, pois eu ainda não sabia bem que rumo tomar na minha vida.
Tinha paixão por aviões e montava modelos de plástico: sonhava voar. Um dia, em Ravenna, surgiu um concurso para participar de um curso gratuito de pilotagem. Ganhei a vaga e consegui tornar-me piloto. Embalado pelo sucesso, e devendo cumprir com o serviço militar obrigatório, fui para a aeronáutica onde fiz o pedido de entrar na Academia para dirigir os aviões a jato.
Neste período, um primo meu convidou-me para ir a São Giovanni Rotondo onde tinha um tal de padre Pio que tinha o dom de ler o coração das pessoas. Ele estava precisando muito de uma orientação.
Quando chegamos, precisamos ficar três dias num hotel até que chegasse a nossa vez de sermos atendidos. Participávamos da Missa presidida por padre Pio todas as manhãs às 5h30, com a igreja sempre lotada de pessoas do mundo todo. A Missa durava quase duas horas. Padre Pio não falava nada, estava muito absorvido, concentrado no mistério que de uma certa maneira estava revivendo.
Quando terminava a Missa todos se aproximavam dele para beijar-lhe as mãos cobertas com uma luva para proteger as chagas, os estigmas, que ele já tinha recebido a muito tempo. Com as crianças era muito carinhoso, mas com os devotos exagerados era meio impaciente e os afastava de maneira áspera.
Depois de um cafezinho entrava no confessionário. Confessava muito mais os homens porque ele dizia que eram mais pecadores. Quando chegou a minha vez, contei-lhe que sentia uma certa atração pela vida missionária. Ele me respondeu de maneira severa: “que atração, que nada ... são três anos que você está resistindo ao chamado de Deus!”. Saí de lá chorando.
Quando voltei ao quartel da aeronáutica, fiz o pedido de entrar no seminário xaveriano.
Desse momento em diante Padre Pio sempre me acompanhou com a sua proteção ao longo de todo o vôo de minha vida.
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