Páginas

7/30/2015

CM 2015: A Comunidade que Acolhe

A Comunidade que Acolhe

A história da evangelização no Brasil contou com inúmeros missionários e missionárias vindos principalmente da Europa. Entre os primeiros a chegar estão Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Viera, os Jesuítas das missões no sul do país e os mártires de Cunhaú e Uruaçu no Rio Grande do Norte, apenas para citar alguns. Ao longo dos anos, o Brasil continuou a receber inúmeros deles e, atualmente, verifica-se que o mapa da origem dos missionários e missionárias mudou. Eles chegam da África, da Ásia e de alguns países das Américas. Boa parte deles, antes de começarem o trabalho, frequentam o Curso de iniciação à missão no Centro de Formação Intercultural (CENFI), em Brasília (DF). Já passaram pelo curso 4.300 missionários estrangeiros. Além disso, muitos outros são acolhidos pelas suas congregações e comunidades religiosas.

A presença de missionários e missionárias estrangeiros enriquece a nossa Igreja. A Igreja no Brasil é admirada por acolher bem os missionários estrangeiros. Contudo, uma Igreja que está mais apta a receber do que dar revela-se pouco generosa com a missão universal. A Igreja local nunca deveria perder a referência da missão além de suas fronteiras, aos povos (ad gentes) (Cf. RMi 34). As Igrejas de países com mais necessidades do que o Brasil e que enviam missionários além-fronteiras nos dão uma grande lição de solidariedade e partilha. Infelizmente, a nossa cooperação com a missão além-fronteiras ainda é muito tímida. Temos plenas condições de fazer mais e melhor. Pedimos aos missionários que nos ensinem a alegria da missão além-fronteiras.

 


Testemunho

É célebre a afirmação do saudoso dom Helder Camara: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si… Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros…”
Só que eu já devorei muitos quilômetros e teria muito para partilhar.
Eu nasci em 1971, no Vietnã, país da Ásia que estava no meio de uma guerra absurda de ideologias, entre comunismo e capitalismo. O conflito terminou em 1975, mas penso eu que quando uma guerra começa, suas incalculáveis consequências se prolongam. A partir de 1975, vivemos em um regime fechado com o governo comunista. Muitos padres e religiosos, leigos e leigas foram presos por não concordarem com a ideologia comunista, inclusive nosso querido cardeal Francisco Nguyen van Thuan, conhecido mundialmente e que ficou 13 anos na prisão. Foi nesse período que a minha família, juntamente com quase 2 milhões de vietnamitas, fugimos de barco como refugiados para outros países em busca de liberdade e de uma vida melhor.
No início de 1991 cheguei à Austrália para começar uma vida nova. Foi nesse processo de busca pela liberdade que, em 1994, decidi entrar na congregação dos Missionários do Verbo Divino em Sydney, onde fiz teologia e, em seguida, mestrado em Melbourne. Na verdade eu sentia o desejo de buscar uma maior liberdade interior para poder servir na missão além-fronteiras. Com essa espiritualidade, fui ordenado padre em 2004, em Brisbane, onde moramos.
Missão é servir, nosso Mestre Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (Mc 10,45).
Cheguei ao Brasil em 2005 e atualmente estou em Humaitá, no meio da Região Amazônica, aprendendo a servir nosso povo amazonense. A simplicidade dos povos ribeirinhos do rio Madeira me ensina que a vida é uma benção de Deus, mas também é uma passagem, como água que no rio passa devagar até o grande mar.
Dom Hélder Camara diz que na missão não podemos nos deixar bloquear com os problemas do mundinho a que pertencemos. A humanidade é muito maior, assim como os rios, as florestas, toda a criação de Deus.
Ao acompanhar e servir os pequenos da Infância e Adolescência Missionária (IAM), aqui me encontro de novo com a grande Missão que Deus tem para cada uma das crianças do mundo. Tal como, no mesmo amor de Deus, nasci no país asiático do Vietnã, fui formado na terra de canguru (Austrália), atravessei os mares e os rios para estar aqui na terra amazônica. Então, missão é partir para servir até aos confins do mundo. “Senhor, Tua Vida é nossa vida, e Tua Missão é nossa missão” (Santo Arnaldo Jassen). Que a força do Verbo seja nossa força para servir na missão.
                           

Pe. Manh Hông Lê, svd, é missionário vietnamita atuante em Humaitá, Amazônia.

Palavra de Deus (Atos 17,16-34)

A dinâmica da evangelização 

16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, ficou revoltado ao ver a cidade cheia de ídolos. 17 Por isso, discutia na sinagoga com os judeus e pagãos que adoravam o Deus único. E todos os dias discutia em praça pública com aqueles que ia encontrando. 18 Também alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a conversar com ele. Alguns diziam: «O que estará querendo dizer esse charlatão?» Outros diziam: «Deve ser um pregador de divindades estrangeiras.» Porque Paulo anunciava Jesus e a Ressurreição. 19 Tomando Paulo consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: «Podemos saber qual é a nova doutrina que você está expondo? 20 De fato, as coisas que você diz soam estranhas para nós; queremos, portanto, saber do que se trata.» 21 Com efeito, todos os atenienses e os estrangeiros residentes passavam o tempo a contar ou a ouvir as últimas novidades.

22 De pé, no meio do Areópago, Paulo disse: «Senhores de Atenas, em tudo eu vejo que vocês são extremamente religiosos. 23 De fato, passando e observando os monumentos sagrados de vocês, encontrei também um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Pois bem, esse Deus que vocês adoram sem conhecer, é exatamente aquele que eu lhes anuncio. 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe. Sendo Senhor do céu e da terra, ele não habita em santuários feitos por mãos humanas. 25 Também não é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa; pois é ele que dá a todos vida, respiração e tudo o mais. 26 De um só homem, ele fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, tendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites de sua habitação. 27 Assim fez, para que buscassem a Deus e para ver se o descobririam, ainda que fosse às apalpadelas. Ele não está longe de cada um de nós, 28 pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como alguns dentre os poetas de vocês disseram: ‘Somos da raça do próprio Deus’. 29 Sendo, portanto, da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. 30 Mas Deus, sem levar em conta os tempos da ignorância, agora anuncia aos homens que todos e em todo lugar se arrependam, 31 pois ele estabeleceu um dia em que irá julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou e creditou diante de todos, ressuscitando-o dos mortos.»

32 Quando ouviram falar de ressurreição dos mortos, alguns caçoavam e outros diziam: «Nós ouviremos você falar disso em outra ocasião.» 33 A essa altura, Paulo saiu do meio deles. 34 Alguns, porém, se uniram a ele e abraçaram a fé. Entre esses estava também Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e outros com eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário