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7/22/2015

UM MENINO COM CINCO PÃES E DOIS PEIXINHOS

O MILAGRE DA PARTILHA

O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Com a oferta dos cincos pães e dois peixinhos de um menino, colocados nas mãos de Jesus, acontece o grande milagre da partilha onde um multidão é saciada da fome e ainda sobra doze cestos.
A grande vocação do ser humano é ser solidário e fraterno. A partilha é a vocação suprema da Igreja. Como Jesus, aquele que se faz discípulo dele como leigo(a), sacerdote, religioso(a), vive a missão de servir. Evangelizar é multiplicar os pães. O pão que não se reparte, não mata a fome, deixa de ser pão. Evangelizar é fazer discípulos, multiplicar estes discípulos. É este o querer de Deus.
Agora temos doze cestos de pães em nossas mãos. O que vamos fazer?

Primeiro cesto de pão: a nova compreensão da missão
         A missão não é mais questão de distância geográfica, e sim de distância religiosa. Agora Jesus é missão, a Igreja é missão, o amor é missão, a vida é missão… a percentagem de católicos diminui a
cada ano e aumenta o de outras igrejas, como também dos afastados, dos sem religião ou simplesmente dos ateus. Sem que se perceba, Deus está sendo expulso da vida e da convivência das pessoas. Nesta nova compreensão de missão, as pessoas passam de receptoras, a sujeitos e destinatários  da missão.


Segundo cesto de pão: identificação dos novos territórios missionários
         Por vivermos em uma terra de missão, faz-se necessário identificar os novos territórios e as novas periferias missionários. Em cada paróquia existem territórios que precisam ser missionados: condomínios, favelas, nossos quarteirões ou quadras, escolas, lugares públicos (praças, estádios, hospitais etc), o mundo da comnicação, da informática e das redes sociais. Estes territórios devem ser priorizados, devemos começar a missão por eles.

Terceiro cesto de pão: investir mais em novos missionários/as
         Chegamos ao ponto focal e de partida do discipulado missionário. Há muitas pessoas ou muitos grupos que ainda não foram atingidos por nossa ação evangelizadora: as gestantes, os namorados, os noivos, os padrinhos de batismo e de crisma, os pais das crianças da catequese, as testemunhas de casamento, os empresários, os
doentes, as crianças, os adolescentes e os jovens, os casais de segunda união, etc... É preciso fazê-los discípulos para torná-los novos missionários.


Quarto cesto de pão: criar a cultura e a identidade missionária
         Todo o povo de Deus é um povo missionário. Uma vez batizado, sempre discípulo; uma vez discípulo, sempre missionário. Uma das primeiras tarefas nossa é criar, formar e cultivar a identidade missionária do povo de Deus, ou seja, fazer com que ele descubra e assuma esta nova identificação, esta nova figura de cristão: sou missionário/a! o Documento de Aparecida nos números (144, 214, 251, 291, 373) chama os presbiteros, os religiosos e os leigos de discípulos missionários.

Quinto cesto de pão: investir na setorização missionária
         É preciso setorizar o território da paróquia, transformá-lo em setores missionários numa grande rede de pequenas comunidades ou grupos bíblicos missionários. É muito importante a formação
permanente, sobretudo das lideranças. Vale a pena ressaltar que esta missionariedade não é iniciativa ou invenção nossa, é consequência do mandato de Jesus ressuscitado: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).


Sexto cesto de pão: tornar missionária as estruturas paroquiais
         A Paróquia, pequeno pedaço da terra de missão, se torna missionária quando se converte em comunidade de comunidades. Antes de ser paróquia, ela é mãe, filha e irmã de outras comunidades. Nesta compreensão, na paróquia tudo deve ser visto na ótica missionária: os cursos para pais e padrinhos, os encontros de noivos, as pastorais e movimentos eclesiais e familiares, os ministérios, os conselhos comunitários, os boletins informativos, os murais, os programas de rádio e os outros meios de comunicação.

Sétimo cesto de pão: desancorar os barcos da missão
         Às vezes, infelizmente, os barcos da nossa missão estão muito bem ancorados. É urgente desinstalá-los. E só serão desinstalados mediante a mística e a espiritualidade missionárias. Cai bem aqui a insistência do papa Francisco por uma Igreja em saída. O Documento de Aparecida pede que conservemos a doce e confortadora alegria de evangelizar, mesmo quando temos que semear entre lágrimas (Dap 552). Levemos então estes nossos bracos, mar a dentro, com
o poderoso sopro do Espírito Sato, seguros que a Providência Divina nos reservará grandes surpresas (Dap 551).


Oitavo cesto de pão: comer e beber na fonte da espiritualidade missionária
         A experiência tem mostrado que ninguém pode ser missionário sem uma forte energia interior; sem uma adesão profunda e apaixonada a Jesus Cristo. Não é possível ser discípulo missionário de Jesus sem uma profunda espiritualidade. Sem uma mística missionária, pouco ou quase nada podemos fazer em matéria de missão. Missão se faz com os joelhos dobrados. O encontro pessoal com Jesus Cristo, através da Palavra e da Eucaristia, está na base desta espiritualidade descobrir o Evangelho na vida cotidiana, através da Leitura Orante, é como descobrir o tesouro precioso da graça e da benção, que dá sentido à vida cristã, até o transbordar de alegria.

Nono cesto de pão: a missão é que dá sentido à vida
         Precisamos urgentemente recuperar o verdadeiro sentido da vida, em todos os seus aspectos, desde o seu nascedouro até sua morte natural. A vida está em perigo. A vida é dom de Deus. A dor não mata o amor e nem o sentido da vida. O mundo perdeu o sentido da vida. A busca pela recuperação do sentido da vida é missão.
Ninguém vive sem sentido. Ninguém vive sem missão

Décimo cesto de pão: como Jesus, não nos contentemos com os feitos do passado e os resultados obtidos
         Precisamos ir a outras cidades, outras aldeias (Mc 1,38-39), pois, também é para isto que somos chamados a sermos uma Igreja que ama, acolhe, serve e envia em missão. O melhor da missão está ainda por vir e por se realizar.

Décimo primeiro cesto de pão: missão só termina no céu
         A missão começa no céu, se encarna na terra e termina novamente no céu. E se lá não chegar, a culpa é nossa. Por causa disso a missão é perene, essencial e cotidiana. Termina aqui, começa ali. Ninguém nasce cristão, católico, presbítero e missionário, mas forma-se cristão, missionário, presbítero.

Décimo segundo cesto de pão: viver um novo Pentecostes
         No Documento de Aparecida, missão é um novo Pentecostes (Dap 548). E é ele que nos livrará do cansaço, da desilusão e da acomodação. Para quebrar esta moleza, o Documento de  Aparecida fala ainda de três tipos de audácia: a audácia apostólica, a audácia
evangelizadora e a audácia missionária. Só podemos nos desinstalar do comodismo, do estancamento e da tibieza por meio destas audácias.


Um pedido a Jesus
         Jesus, este é o nosso pedido final: fica conosco! Que o Senhor se aproxime de nós como se aproximou da multidão faminta, no deserto, e diga, também para nós, estas palavras consoladoras: “coragem, eu venci o mundo”. Que o Bom Pastor nos dê a sede do seu amor, da sua ternura e da sua misericórdia.


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