O MILAGRE DA PARTILHA
O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada.
Com a oferta dos cincos pães e dois peixinhos de um menino, colocados nas mãos
de Jesus, acontece o grande milagre da partilha onde um multidão é saciada da
fome e ainda sobra doze cestos.
A grande vocação do ser humano é ser solidário e
fraterno. A partilha é a vocação suprema da Igreja. Como Jesus, aquele que se
faz discípulo dele como leigo(a), sacerdote, religioso(a), vive a missão de
servir. Evangelizar é multiplicar os pães. O pão que não se reparte, não mata a
fome, deixa de ser pão. Evangelizar é fazer discípulos, multiplicar estes
discípulos. É este o querer de Deus.
Agora temos doze cestos de pães em nossas mãos. O
que vamos fazer?
Primeiro
cesto de pão: a nova compreensão da missão
•
A missão
não é mais questão de distância geográfica, e sim de distância religiosa. Agora
Jesus é missão, a Igreja é missão, o amor é missão, a vida é missão… a
percentagem de católicos diminui a
cada ano e aumenta o de outras igrejas, como
também dos afastados, dos sem religião ou simplesmente dos ateus. Sem que se
perceba, Deus está sendo expulso da vida e da convivência das pessoas. Nesta
nova compreensão de missão, as pessoas passam de receptoras, a sujeitos e
destinatários da missão.
Segundo
cesto de pão: identificação dos novos territórios missionários
•
Por
vivermos em uma terra de missão, faz-se necessário identificar os novos
territórios e as novas periferias missionários. Em cada paróquia existem
territórios que precisam ser missionados: condomínios, favelas, nossos quarteirões
ou quadras, escolas, lugares públicos (praças, estádios, hospitais etc), o
mundo da comnicação, da informática e das redes sociais. Estes territórios
devem ser priorizados, devemos começar a missão por eles.
Terceiro
cesto de pão: investir mais em novos missionários/as
•
Chegamos ao
ponto focal e de partida do discipulado missionário. Há muitas pessoas ou
muitos grupos que ainda não foram atingidos por nossa ação evangelizadora: as
gestantes, os namorados, os noivos, os padrinhos de batismo e de crisma, os
pais das crianças da catequese, as testemunhas de casamento, os empresários, os
doentes, as crianças, os adolescentes e os jovens, os casais de segunda união,
etc... É preciso fazê-los discípulos para torná-los novos missionários.
Quarto
cesto de pão: criar a cultura e a identidade missionária
•
Todo o povo
de Deus é um povo missionário. Uma vez batizado, sempre discípulo; uma vez
discípulo, sempre missionário. Uma das primeiras tarefas nossa é criar, formar
e cultivar a identidade missionária do povo de Deus, ou seja, fazer com que ele
descubra e assuma esta nova identificação, esta nova figura de cristão: sou
missionário/a! o Documento de Aparecida nos números (144, 214, 251, 291, 373)
chama os presbiteros, os religiosos e os leigos de discípulos missionários.
Quinto
cesto de pão: investir na setorização missionária
•
É preciso
setorizar o território da paróquia, transformá-lo em setores missionários numa
grande rede de pequenas comunidades ou grupos bíblicos missionários. É muito
importante a formação
permanente, sobretudo das lideranças. Vale a pena
ressaltar que esta missionariedade não é iniciativa ou invenção nossa, é
consequência do mandato de Jesus ressuscitado: “Ide por todo o mundo, proclamai
o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Sexto
cesto de pão: tornar missionária as estruturas paroquiais
•
A Paróquia,
pequeno pedaço da terra de missão, se torna missionária quando se converte em
comunidade de comunidades. Antes de ser paróquia, ela é mãe, filha e irmã de
outras comunidades. Nesta compreensão, na paróquia tudo deve ser visto na ótica
missionária: os cursos para pais e padrinhos, os encontros de noivos, as
pastorais e movimentos eclesiais e familiares, os ministérios, os conselhos
comunitários, os boletins informativos, os murais, os programas de rádio e os
outros meios de comunicação.
Sétimo
cesto de pão: desancorar os barcos da missão
•
Às vezes,
infelizmente, os barcos da nossa missão estão muito bem ancorados. É urgente
desinstalá-los. E só serão desinstalados mediante a mística e a espiritualidade
missionárias. Cai bem aqui a insistência do papa Francisco por uma Igreja em
saída. O Documento de Aparecida pede que conservemos a doce e confortadora
alegria de evangelizar, mesmo quando temos que semear entre lágrimas (Dap 552).
Levemos então estes nossos bracos, mar a dentro, com
o poderoso sopro do
Espírito Sato, seguros que a Providência Divina nos reservará grandes surpresas
(Dap 551).
Oitavo
cesto de pão: comer e beber na fonte da espiritualidade missionária
•
A
experiência tem mostrado que ninguém pode ser missionário sem uma forte energia
interior; sem uma adesão profunda e apaixonada a Jesus Cristo. Não é possível
ser discípulo missionário de Jesus sem uma profunda espiritualidade. Sem uma
mística missionária, pouco ou quase nada podemos fazer em matéria de missão.
Missão se faz com os joelhos dobrados. O encontro pessoal com Jesus Cristo,
através da Palavra e da Eucaristia, está na base desta espiritualidade
descobrir o Evangelho na vida cotidiana, através da Leitura Orante, é como
descobrir o tesouro precioso da graça e da benção, que dá sentido à vida cristã,
até o transbordar de alegria.
Nono
cesto de pão: a missão é que dá sentido à vida
•
Precisamos
urgentemente recuperar o verdadeiro sentido da vida, em todos os seus aspectos,
desde o seu nascedouro até sua morte natural. A vida está em perigo. A vida é
dom de Deus. A dor não mata o amor e nem o sentido da vida. O mundo perdeu o
sentido da vida. A busca pela recuperação do sentido da vida é missão.
Ninguém vive sem
sentido. Ninguém vive sem missão
Décimo
cesto de pão: como Jesus, não nos contentemos com os feitos do passado e os
resultados obtidos
•
Precisamos
ir a outras cidades, outras aldeias (Mc 1,38-39), pois, também é para isto que
somos chamados a sermos uma Igreja que ama, acolhe, serve e envia em missão. O
melhor da missão está ainda por vir e por se realizar.
Décimo
primeiro cesto de pão: missão só termina no céu
•
A missão
começa no céu, se encarna na terra e termina novamente no céu. E se lá não
chegar, a culpa é nossa. Por causa disso a missão é perene, essencial e
cotidiana. Termina aqui, começa ali. Ninguém nasce cristão, católico,
presbítero e missionário, mas forma-se cristão, missionário, presbítero.
Décimo
segundo cesto de pão: viver um novo Pentecostes
•
No
Documento de Aparecida, missão é um novo Pentecostes (Dap 548). E é ele que nos
livrará do cansaço, da desilusão e da acomodação. Para quebrar esta moleza, o
Documento de Aparecida fala ainda de
três tipos de audácia: a audácia apostólica, a audácia
evangelizadora e a
audácia missionária. Só podemos nos desinstalar do comodismo, do estancamento e
da tibieza por meio destas audácias.
Um
pedido a Jesus
•
Jesus, este
é o nosso pedido final: fica conosco! Que o Senhor se aproxime de nós como se
aproximou da multidão faminta, no deserto, e diga, também para nós, estas
palavras consoladoras: “coragem, eu venci o mundo”. Que o Bom Pastor nos dê a
sede do seu amor, da sua ternura e da sua misericórdia.
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