PARTE DA MENSAGEM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA A
CELEBRAÇÃO DO XLIX DIA
MUNDIAL DA PAZ
1º DE
JANEIRO DE 2016
VENCE A
INDIFERENÇA E CONQUISTA A PAZ
1. Deus não é indiferente; importa-Lhe
a humanidade! Deus não a abandona! Com esta minha profunda convicção, quero,
no início do novo ano, formular votos de
paz e bênçãos abundantes, sob o signo da esperança, para o futuro de cada homem
e mulher, de cada família, povo e nação do mundo, e também dos chefes de
Estado e de governo e dos responsáveis das religiões. Com efeito, não perdemos
a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente
empenhados, nos diferentes níveis, a realizar
a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho
dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as
mulheres, que são chamados a realizá-lo.
Conservar
as razões da esperança
2. Embora o
ano passado tenha sido caracterizado, do princípio ao fim, por guerras e atos
terroristas, com as suas trágicas consequências de sequestros
de pessoas,
perseguições por motivos étnicos ou religiosos, prevaricações, multiplicando-se
cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela
que se poderia chamar uma «terceira guerra mundial por pedaços», todavia alguns
acontecimentos dos últimos anos e também do ano passado incitam-me, com o novo
ano em vista, a renovar a exortação a não
perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de
superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença. Tais
acontecimentos representam a capacidade de a humanidade agir solidariamente,
perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a
apatia e a indiferença.
Dentre tais
acontecimentos, quero recordar o esforço feito para favorecer o
encontro dos líderes mundiais, no âmbito da
Cop21, a fim de se procurar novos caminhos para enfrentar as alterações
climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum. E isto
remete para mais dois acontecimentos anteriores de nível mundial: a Cimeira de
Adis-Abeba para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável
do mundo; e a adoção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável, que visa assegurar, até ao referido ano, uma
existência mais digna para todos, sobretudo para as populações pobres da terra.
O ano de 2015 foi um ano
especial para a Igreja, nomeadamente porque
registou o cinquentenário da publicação de dois documentos do Concílio Vaticano II
que exprimem, de forma muito eloquente, o sentido de solidariedade da
Igreja com o mundo. O Papa João XXIII, no início do Concílio, quis escancarar
as janelas da Igreja, para que houvesse, entre ela e o mundo, uma comunicação
mais aberta.
Nesta mesma perspectiva, com o Jubileu
da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada
cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e
testemunhar a misericórdia, de «perdoar e dar», de abrir-se «àqueles que vivem
nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo
contemporâneo cria de forma dramática», sem cair «na indiferença que humilha,
na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no
cinismo que destrói».
Variadas
são as razões para crer na capacidade que a humanidade tem de agir, conjunta e
solidariamente, reconhecendo a própria interligação e interdependência e tendo
a peito os membros mais frágeis e a salvaguarda do bem comum. Esta atitude de
solidária corresponsabilidade está na raiz da vocação fundamental à
fraternidade e à vida comum. A dignidade e as relações interpessoais
constituem-nos como seres humanos, queridos por Deus à sua imagem e
semelhança.
Como criaturas dotadas de inalienável dignidade, existimos relacionando-nos com
os nossos irmãos e irmãs, pelos quais somos responsáveis e com os quais agimos
solidariamente. Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso
mesmo que a indiferença constitui uma
ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar a
todos para que reconheçam este fato a fim de se vencer a indiferença e
conquistar a paz.
Faço minha estas palavras do Papa Francisco para desejar a todos/as um feliz ano novo pleno de vida e da misericórdia de Deus.
joaobortoloci@bol,com.br
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