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1/02/2016

SEGUINDO UMA ESTRELA

FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR

Na Festa da Epifania continuamos celebrando o nascimento do Filho de Deus na cidadezinha de Belém.
Não é por acaso que Jesus não nasce em Jerusalém, centro do poder político e religioso. Ele nasce em Belém, uma pequena cidade na periferia, um lugar pobre, cujo único orgulho possível era ser a terra natal de Davi, onde ele foi ungido rei. Por isso Belém tinha uma história régia.
O profeta Miqueias, na sua defesa aos mais pobres e carentes, já falava sobre este nascimento numa pequena e desconhecida cidade: "Mas você, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades de Judá! É de você que sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel" (5,1-2).
O texto não oferece quase nenhum dado sobre os magos, somente sabemos que eles são guiados por uma estrela e que não são judeus. Eles nomeiam Jesus como “o rei dos judeus”, nome que será dado novamente na narrativa da paixão.
Em Jerusalém a estrela que os guia desaparece, e então eles se encontram com Herodes, que pode ser considerado como falso rei. Para Herodes, os magos e a estrela são perigosos, porque desafiam a sua estabilidade política.
Ele tenta enganar os magos, mas não consegue, porque eles tomam outro caminho.
Ao sair de Jerusalém, a estrela reaparece e continua guiando-os para Belém. É sem dúvida questionador que Deus tenha escolhido nascer entre os pobres, que a irrupção de Deus na história da humanidade tenha acontecido no silêncio e na solidão de uma gruta, sendo testemunha o céu e os pequenos da terra.
Por que o Deus escondido, que quis se dar a conhecer em Jesus, o faz de forma tão humilde, tão despercebida, tão humana? (Rom 16, 26).
Talvez seja para que o busquemos, para que saiamos ao seu encontro... Ele não impõe a sua Presença, só se apresenta de diferentes maneiras; a mais humilde, plena e terna é em seu Filho Jesus.
Deus nos criou para Si, toda pessoa humana leva dentro de si o desejo de Deus, de conhecê-lo, de se encontrar com Ele, de uma vida em plenitude, de um amor infinito. Todo ser humano leva a marca da eternidade que o
impulsiona sair de si em busca dela! Como reza poeticamente Santo Agostinho: "Fizeste nosso coração para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti".

Essa sede de eternidade, essa busca, muitas vezes sem saber, de Deus, é a estrela que cada um de nós leva dentro de si. É a presença do Espírito que nos movimenta, que nos põe a caminho de Deus, como aqueles magos do Oriente que Mateus cita no seu evangelho.
Deus nos ama, vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus e infunde seu Espírito em nós para que, iluminados pela sua presença, possamos livremente sair na sua busca e viver a alegria de ser encontrados por Ele!
Podemos perguntar-nos: como é possível reconhecer a presença do Espírito? Uma das maneiras mais simples é por meio dos presentes que ele nos dá, e um deles é a alegria (Gl 5,22). Por isso é que o evangelho nos diz que "ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria".

Reconhecemos a presença do Espírito em nós? Em que momentos?

 Façamos agora uma singela oração ao Espírito que nos habita, agradecendo
sua Presença e pedindo-Lhe que sejamos dóceis ao seu comando! Como pediu especialmente o Papa Francisco: “não excluir nenhuma fronteira e atuar nelas sem medo”.
É importante reconhecer a ação do Espírito, para poder colaborar com ele, aderir a ele. Jesus, no evangelho de João, nos diz que o Espírito nos conduzirá à verdade plena (Jo 16,13), que é Ele! (Jo 14,6)
Deus atua em nós, mas requer nossa disponibilidade. Cada um de nós pode optar entre seguir a voz do Espírito de liberdade ou seguir outras vozes que nos levam à escravidão do poder, do medo, do egoísmo, da infidelidade...
Os magos são fiéis ao caminho que sinaliza a estrela e vão de Jerusalém a Belém. Finalmente a estrela parou, e eles são envolvidos no mistério de Deus que se fez presente numa criança: "Viram o menino com Maria, sua mãe" (Lc 2,11).
Reconhecem nele o Messias esperado de todos os tempos, o Salvador de toda a humanidade; ao vê-Lo, se ajoelham, o adoram, o amam! Estes Magos simbolizam também a presença de Jesus que nasce para toda a humanidade.
Depois, não voltam para Jerusalém, mas partem para suas terras para comunicar que tinham visto, encontrado o Salvador.
Junto com os magos, tenhamos uma atitude de adoração e acolhida do
mistério de Deus que se nos comunica na gruta de Belém, e assim, "cheios"
do Espírito Santo, possamos exclamar olhando o menino: É o Senhor! (1Cor 12,3).
O encontro com Jesus nos leva a partir para uma nova vida, no lugar onde cada um/a vive, trabalha, estuda... ser comunicadores da ternura e do Amor de Deus, que se faz presente na fragilidade de uma criança!
Como nos lembra Leonardo Boff no seu artigo: “Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com mente pura e sempre atenta aos sinais dos tempos como o fizeram os reis magos”.

 Oração

Nesta festa façamos nossa esta oração de Edith Stein, judia, filósofa religiosa e mártir (1891- 1942).


"Quem és tu, luz que me inundas e iluminas a noite do meu coração? Tu me
guias como a mão de uma mãe, mas se me deixas eu não seria capaz de dar um só passo sozinha. Tu és o espaço que circunda o meu ser e o protege. Se me abandonas, caio no abismo de nada, de onde me chamaste a ser. Tu, mais próximo a mim do que eu mesma, mais íntimo a mim do que a alma minha, - e no entanto é intangível e de todo nome quebras as cadeias: Espírito Santo - Eterno Amor"


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