REZEMOS PELAS VOCAÇÕES
Senhor da
Messe e Pastor do Rebanho somos tua Igreja, povo de Deus a serviço da vida.
Ajudai-nos a sermos co-responsáveis na Evangelização, escutando o teu mandato:
“Ide e anunciai o Evangelho”. Desperta em nossas comunidades a graça da vocação
religiosa, sacerdotal, missionária e dos vários ministérios leigos para o
serviço do vosso Reino. Senhor, fazei que, sob o olhar carinhoso de Maria, Mãe
e modelo de todos os vocacionados, possamos responder com amor à missão a qual
cada um de nós é chamado. Amém!
MEDITANDO A PALAVRA DE
DEUS
Ninguém as arrebatará da minha mão (Jo
10,27-30)
OLHANDO O CONTEXTO
O texto sobre o qual vamos
refletir hoje faz parte do conhecido complexo que trata da relação entre o
pastor e o seu rebanho (Jo 10). Busca-
se, nesse capítulo, responder à questão:
quais são os fundamentos da relação entre Jesus e sua comunidade. O trecho em
foco, João 10,27-30, nasce, como tantos outros, do confronto entre Jesus e um
grupo de judeus. Discute-se, aqui, como se pode estabelecer uma relação
autêntica e duradoura com Deus. Para alguns judeus, o templo é a base desse
relacionamento.
As pessoas que aderiam a
proposta de Jesus passaram a desconsiderar as tradicionais normas de vida
estabelecidas pela centralidade do templo. Isso podia ser entendido como ameaça
à identidade de diversos grupos no judaísmo.
Nessa controvérsia acerca
dessas duas propostas de viver a fé, o evangelho de João vai insistir que
identidade e coesão da comunidade somente são possíveis em torno do
projeto e da pessoa de Jesus. A pessoa de Jesus representa, no
evangelho, essa nova maneira de construir a relação com Deus baseada na
confiança e na amizade e, assim, de criar uma nova identidade que não mais
depende das exigências de pureza do templo nem de restrições étnicas e
religiosas do judaísmo.
DEGUSTANDO O TEXTO
V.27 As minhas ovelhas conhecem a minha voz, eu as
conheço, e elas me seguem.
Conhecer e seguir: esses dois
verbos indicam a profundidade da relação entre Jesus e as pessoas que em torno
dele se congregam. Conhecer não é apenas algo racional e teórico, mas expressa
uma relação existencial, profunda, quase íntima. Conhecer Jesus significa ter
experimentado a presença do Deus que liberta e dá vida plena.
Conhecimento baseado na experiência: é isso que dá segurança às pessoas e as
impulsiona ao seguimento. Seguir a Jesus significa aderir a seus
ensinamentos e suas propostas e ser cúmplice de seu projeto. Aderir
a essa proposta de relação de confiança com Deus implica vivê-la. É, portanto,
uma decisão pelo discipulado.
V. 28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão e ninguém as arrebatará da minha mão.
Em meio a um ambiente hostil,
onde diversas vozes se levantavam para destruir a comunidade que começa a se
formar, a pessoa de Jesus oferece segurança. As “ovelhas” ameaçadas pelos que
querem dispersá-las podem ter a certeza de que não irão ao “matadouro”, pois
Jesus já as conquistou com a sua vida para a eternidade. Sua promessa para quem
ouvir sua voz e seguir sua proposta é de vida eterna. Num ambiente hostil, a
confiança e a fé tornam-se os elementos aglutinadores para os seguidores de
Jesus. Fé, confiança e vida solidária dão as forças necessárias para a comunidade
continuar resistindo.
V. 29 Meu Pai, que me deu tudo, é maior que
todos; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.
Todas as pessoas que estão
coesas e comprometidas em torno de Jesus
podem ficar tranquilas e seguras, pois
é Ele quem nos protege contra a ameaça de cair em mãos inescrupulosas e
escravizadoras. A verdadeira comunidade que segue os princípios de Cristo não
poderá ser arrebatada ou destruída, porque Deus é mais forte do que
tudo e todos. Outra versão também é possível: Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo. Nesse caso, pensa-se normalmente
na autoridade concedida pelo Pai ao filho. Mas talvez seja possível pensar
também na comunidade como o maior bem que Jesus recebeu de Deus. Esse bem
precioso ficará bem guardado sob a proteção de Deus.
V. 30 Eu e o Pai somos um.
Esta é a afirmação que causa
grande escândalo entre os judeus e que faz do cristianismo uma fé singular: é
na humanidade de Jesus de Nazaré que encontramos Deus em sua
concretude e humildade. É na vida, nos ensinamentos, nas ações, no
comportamento, na paixão, na morte e na ressurreição de Jesus que Deus se
revela aos seres humanos. Em e através de Jesus, Deus se fez
presente e se revelou a toda humanidade. Na comunhão dos que buscam uma vida
que se assenta na confiança em Deus e na solidariedade entre as pessoas, ele
continua a manifestar-se ainda hoje.
AMPLIANDO A MENSAGEM
Ouvir, conhecer, confiar e
seguir são atitudes fundamentais para o
discipulado. Jesus não é um
senhor de escravos, que domina, coloca o cabresto ou prende suas “ovelhas”
dentro do curral. Em sua vida mostrou-se como quem está a serviço dos que o
seguem, que se interessa pelo bem estar de suas ovelhas, que caminha junto com
elas e as conduz em e para a liberdade. A sua relação com as pessoas está
baseada na confiança e não na troca de favores ou na
manipulação de pessoas em benefício próprio. Em Jesus, o Deus da vida, da
misericórdia e da justiça se manifesta e nos convida a segui-lo.
A metáfora das ovelhas
representa a vivência coletiva, já que elas não andam sozinhas, mas em grupo. A
imagem nos desperta para olharmos para o
relações de familiaridade, solidariedade e serviço.
Crer é aderir à proposta de
Cristo. Isso implica seguimento e compromisso. Talvez a nossa
decisão pelo projeto de Jesus possa redundar em conflitos com mentes prontas e
tradições estruturadas. Mas para essas pessoas existe a promessa de que não
serão afastadas da comunhão com Deus porque estão guardadas em suas mãos.
( baseado na reflexão de Sônia Mota e Nelson Kilpp )
joaobortoloci@bol.com.br
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