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4/23/2016

MANDAMENTO NOVO

AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI (João 13,34)


Este texto situa-se no contexto do Último Discurso de Jesus, na Ceia Pascal.  Começa logo após a saída de Judas para trair Jesus, depois que Jesus lhe disse “o que você pretende fazer, faça-o logo” (Jo 13, 27).  Com a licença oficial dada ao agente de Satanás para iniciar o processo que iria matá-lo, Jesus começa o processo da sua glorificação. A sua fidelidade ao projeto do Pai vai levá-lo à Cruz, que, no Quarto Evangelho, não é um sinal de derrota, mas da vitória última e permanente de Deus. Por isso, a morte de Jesus, aparente vitória do mal, será a glorificação de Jesus, e n’Ele, do Pai.
O anúncio da sua partida, para os judeus uma ameaça (v. 33), é para a comunidade dos seus discípulos um momento de emoção e carinho. A sua
última dádiva a eles é um novo mandamento: “eu dou a vocês um novo mandamento: amem-se uns aos outros.  Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (v. 34).
O que há de novo neste mandamento?  O que diferencia a proposta de amor de Jesus e dos seus seguidores de outras propostas já conhecidas? O mundo do tempo de Jesus, tanto na sociedade pagã como judaica, conhecia propostas de amor mútuo. O mandamento de Jesus é novo em primeiro lugar porque ele se impõe como exigência essencial para entrar na comunidade “escatalógica”. Essa é a comunidade que já experimenta a presença do Reino de Deus,
mesmo que ainda espere a sua plena realização, ou seja, uma comunidade que experimenta a salvação já realizada em Jesus, enquanto ainda experimenta a sua situação permanente de fraqueza. Também é novo, porque não se fundamenta nas leis sobre o amor, da tradição judaica (p. ex. Lv 19, 18, ou os documentos do Qumrã), mas na entrega de si, de Jesus. O modelo deste amor é o exemplo do próprio Jesus “assim como eu vos amei!” E como Ele nos amou?  Entregando-se até a morte, para que todos pudessem “ter a vida e a vida plenamente” (Jo 10, 10).  Este amor não é sinônimo de simpatia ou sentimento de atração.  Exige humildade e a disposição para o serviço que leva a morrer pelos outros.  Este “morrer” normalmente não se expressa através de uma morte literal, mas
morrendo diariamente ao egoísmo e à busca do poder dominador, para que sejamos servidores, especialmente dos mais humildes, ao exemplo do Mestre que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45).
Este amor e tão fundamental para a comunidade dos discípulos de Jesus que deve se tornar o seu sinal característico: “assim todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (v. 35).  Mais do que uma lista de doutrinas, mais do que práticas litúrgicas ou rituais, embora essas tenham
o seu lugar e a sua importância, é o amor mútuo e concreto que deve distinguir os discípulos de Jesus.  Atos dos Apóstolos nos lembra que “foi em Antioquia que os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de “cristãos” (At 11, 26).  Receberam uma nova designação, da parte dos outros, porque a sua maneira de viver era marcadamente diferente das outras comunidades religiosas da cidade – era marcada pelo amor mútuo. O Evangelho de hoje nos convida para que honestamente nos examinemos a nós mesmos, para verificar se este amor-serviço ainda é a marca característica de nós, discípulos/as de Jesus, na nossa vida individual e comunitária!


Pe. Thomaz Hughes, SVD

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