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4/27/2016

"JUSTIÇA É O NOVO NOME DA PAZ"

Eu lhes dou a minha paz (Jo 14, 23-29)

Com este dom, Jesus deixa com a sua comunidade a sua paz.  Ele usa a palavra tradicional dos judeus para a paz, “Shalom”.  É uma paz baseada na vinda do Espírito, que será atualizada na noite de Páscoa quando dirá “A paz esteja com vocês! Recebam o Espírito Santo” (Jo 20, 21-22).  Enfatiza que não é a paz como o mundo a entende – simplesmente como a ausência de guerra.  Muitas vezes a paz que o mundo dá é aquela falsa, que depende da força das armas para reprimir as legitimas aspirações do povo sofrido – como tantos países experimentaram durante as ditaduras de direita e da esquerda. 


O “shalom” é tudo o que o Pai quer para o seu povo.  Só existe quando reina o projeto de vida de Deus.  Implica a satisfação de todas as necessidades básicas da pessoa humana, da libertação da humanidade do pecado e das suas consequências.  Como dizia o saudoso Papa Paulo VI: “Justiça é o novo nome da paz!”. O “shalom” dos discípulos não pode ser perturbado pela sua partida, pois é através da volta do Filho para o Pai que o Shalom vai se instalar.

O “shalom”, a verdadeira paz, é um dom de Deus.  Mas precisa da colaboração humana.


Diante de tantas barbaridades hoje, de tanta violência no campo e na cidade, da exploração do latifúndio, da impunidade, da corrupção, qual deve ser a atitude do cristão?  Se nós acreditamos no shalom, não podemos compactuar com sistemas repressivos ou elitistas que tiram da maioria (ou duma minoria) os direitos básicos que pertencem a todos os filhos/as de Deus.  Às vezes, este shalom convive ao lado do sofrimento e perseguição por causa do Reino, mas quem experimenta na intimidade a presença da Trindade, também experimenta a verdade da frase do texto de hoje, "não


fiquem perturbados, nem tenham medo” (v 27), pois disse Jesus, “eu venci o mundo”.  Por isso devemos sempre “fazer a memória de Jesus” (aqui se destaca o momento privilegiado da celebração eucarística) - da sua pessoa e do seu projeto, para que tenhamos critérios certos para verificar a presença – ou ausência - do “shalom” na nossa sociedade, e nos comprometermos com a criação do mundo mais justo que Deus quer.



[Tomaz Hughes SVD]

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