Curar feridas (Mt. 11,2-11)
A
atuação de Jesus deixou João Batista desconcertado. Ele esperava um Messias que
eliminaria o pecado do mundo impondo o juízo rigoroso de Deus, ao invés de um
Messias dedicado a curar feridas e aliviar sofrimentos. Da prisão de
Maqueronte, envia uma mensagem a Jesus: “És tu o que viria ou devemos esperar
por outro?”.
Jesus responde com sua vida de profeta curador: “Digam a João o que estão vendo e ouvindo: os cegos veem e os paralíticos andam; os leprosos estão curados e os surdos ouvem; os mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa Notícia”.
Jesus se sente enviado por um Pai misericordioso que deseja para todos um mundo mais digno e feliz. Por isso, se entrega a curar feridas, sanar doenças e liberar a vida. E, por isso, pede a todos: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”.
Jesus não se sente enviado por um juiz rigoroso para julgar aos pecadores e condenar o mundo. Por isso, não amedronta a ninguém com ações justiceiras: oferece a pecadoras e pecadores sua amizade e seu perdão. E, por isso, pede a todas e todos: “Não julgue para não ser julgada/o”.
Jesus nunca cura de forma arbitraria ou por sensacionalismo. Cura movido pela compaixão, buscando restaurar a vida das pessoas abatidas, doentes e desanimadas. São estas as primeiras que tem a experiência de Deus amigo da vida digna e saudável.
Jesus não insistiu no caráter prodigioso de suas curas, nem pensou nelas como
receita fácil para suprimir o sofrimento do mundo. Apresentou sua atividade
curadora como símbolo para seus seguidores compreenderem em que direção atuar
para abrir caminhos ao projeto humanizador do Pai que Ele chamava “Reino de
Deus”.
O Papa Francisco afirma que “curar feridas” é uma tarefa urgente: “Vejo com clareza que o que a Igreja necessita, hoje, é uma capacidade de curar feridas e oferecer calor, intimidade e proximidade aos corações... Isto é a primeira coisa: curar feridas, curar
feridas”. Depois, fala em “cuidarmos das pessoas,
acompanhando-as como o bom samaritano que lava, limpa e consola”. Fala, também,
de “caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar, descer à noite escura sem
perder-se”.
Ao confiar sua missão aos discípulos, Jesus não os imaginava como doutores, hierarcas, liturgistas e teólogos, mas como curadores. A missão é dupla: proclamar a proximidade do Reino de Deus e curar as/os doentes.
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