Evangelho de Mateus 5, 17-37
Continuamos
aprofundando o discurso do Sermão da
Montanha. Lembremos
que a comunidade para quem está dirigido o texto é
principalmente um grupo de pessoas que anteriormente pertencia ao judaísmo.
Precisam clareza sobre as novas
orientações da vida cristã no seguimento de Jesus,
principalmente respeito aos antigos costumes.
Como é
preciso atuar? Qual é o paradigma ou modelo a seguir neste novo estilo de vida?
Não é
difícil pensar que existam entre eles dificuldades na nova vida nas comunidades cristãs,
principalmente no decorrer do tempo que iam incorporando-se gerações novas.
Há dois
domingos, lemos o texto das bem-aventuranças com o tesouro escondido nele. No
domingo passado, continuamos com as parábolas do sal e da luz prometidas por
Jesus aos cristãos.
A
comparação com o sal e a
luz do mundo relembra de uma forma muito simples a forma de vida dos discípulos de Jesus.
Neles há uma grande riqueza, mas “se perde seu sabor já
não serve para nada” ou,
como uma luz escondida numa gaveta, não ilumina ninguém.
O Reino
proclamado por Jesus é Boa Notícia se seus seguidores vivem o estilo de
vida anunciado por ele, com sua novidade, arriscando a vida, doando-se aos
outros.
Hoje Jesus
expõe o modo de viver diante do judaísmo, em particular a Lei. Neste momento,
podemos perguntar-nos qual é nossa prioridade na nossa vida cristã?
Consideramos
o cumprimento externo de algumas leis, sejam estabelecidas pelo costume ou pela
tradição, como prioritários? Ou
consideramos o espírito que essas prescrições simplesmente tentam comunicar?
Desde o
início, Jesus esclarece que não
veio para abolir a lei senão para dar cumprimento. Que
significa isto? Ele defende o rigor das normas?
Às vezes
este texto recebe uma leitura legalista que procura nele a justificação do
cumprimento de mandamentos de forma perfeccionista. Atua-se quase por capricho,
procurando uma sorte de ambição pessoal.
Com suas
palavras, Jesus esclarece que o mais importante é
sempre o que habita no coração do homem. Fica claro que ele não
gosta dos escribas e fariseus que, possuidores de muito conhecimento da Lei, se
transformam em “administradores” da Vontade de Deus. A lei foi criada para garantir e preservar a vida,
mas não sempre foi bem entendida.
Jesus fala
das normas da Lei, porém traz um nível superior: as atitudes e a forma de
proceder de uma comunidade cristã.
Ela permanece no espírito do Reino à medida que as comunidades o escolham
sempre seu instrutor, a quem obedecer e seguir.
Jesus não
se limita às normas ou preceitos estabelecidos. Vai além delas!
As prescrições são simples manifestações de uma realidade muito mais profunda e
comprometida. È um modo de viver o seguimento de Jesus. Ser seus discípulos é
um estilo de vida, de comportamento religioso, social e cultural.
Como disse
o Papa Francisco:
“Não deixemos que nos tirem a alegria de ser discípulos do Senhor. ‘Mas, padre,
eu sou um pecador…’: deixa-te levar por
Jesus, sente sobre ti a Sua misericórdia, e o teu coração será
preenchido de alegria e perdão. Não nos deixemos roubar a esperança de viver
esta vida junto com Ele e com a força da Sua consolação”.
Unimo-nos
a tantos e tantas pessoas que ao longo da história souberam ser fieis ao
seguimento de Jesus indo além de uma letra, a lei, aquecendo-se continuamente
do fogo interior do Espírito que nos transforma em verdadeiros seguidores e
testemunhos de Jesus.
Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado
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