Páginas

2/11/2017

A LEI DO ESPÍRITO

Evangelho de Mateus 5, 17-37
Continuamos  aprofundando o discurso do Sermão da Montanha. Lembremos

que a comunidade para quem está dirigido o texto é principalmente um grupo de pessoas que anteriormente pertencia ao judaísmo. Precisam clareza sobre as novas orientações da vida cristã no seguimento de Jesus, principalmente respeito aos antigos costumes.

Como é preciso atuar? Qual é o paradigma ou modelo a seguir neste novo estilo de vida?
Não é difícil pensar que existam entre eles dificuldades na nova vida nas comunidades cristãs, principalmente no decorrer do tempo que iam incorporando-se gerações novas.
Há dois domingos, lemos o texto das bem-aventuranças com o tesouro escondido nele. No domingo passado, continuamos com as parábolas do sal e da luz prometidas por Jesus aos cristãos.
A comparação com o sal e a luz do mundo relembra de uma forma muito simples a forma de vida dos discípulos de Jesus. Neles há uma grande riqueza, mas “se perde seu sabor já não serve para nada” ou, como uma luz escondida numa gaveta, não ilumina ninguém.

O Reino proclamado por Jesus é Boa Notícia se seus seguidores vivem o estilo de vida anunciado por ele, com sua novidade, arriscando a vida, doando-se aos outros.
Hoje Jesus expõe o modo de viver diante do judaísmo, em particular a Lei. Neste momento, podemos perguntar-nos qual é nossa prioridade na nossa vida cristã?
Consideramos o cumprimento externo de algumas leis, sejam estabelecidas pelo costume ou pela tradição, como prioritários? Ou consideramos o espírito que essas prescrições simplesmente tentam comunicar?
Desde o início, Jesus esclarece que não veio para abolir a lei senão para dar cumprimento. Que significa isto? Ele defende o rigor das normas?
Às vezes este texto recebe uma leitura legalista que procura nele a justificação do cumprimento de mandamentos de forma perfeccionista. Atua-se quase por capricho, procurando uma sorte de ambição pessoal.
Com suas palavras, Jesus esclarece que o mais importante é sempre o que habita no coração do homem. Fica claro que ele não gosta dos escribas e fariseus que, possuidores de muito conhecimento da Lei, se transformam em “administradores” da Vontade de Deus. A lei foi criada para garantir e preservar a vida, mas não sempre foi bem entendida.

Jesus fala das normas da Lei, porém traz um nível superior: as atitudes e a forma de proceder de uma comunidade cristã.
Ela permanece no espírito do Reino à medida que as comunidades o escolham sempre seu instrutor, a quem obedecer e seguir.

Jesus não se limita às normas ou preceitos estabelecidos. Vai além delas!
As prescrições são simples manifestações de uma realidade muito mais profunda e comprometida. È um modo de viver o seguimento de Jesus. Ser seus discípulos é um estilo de vida, de comportamento religioso, social e cultural.

Como disse o Papa Francisco: “Não deixemos que nos tirem a alegria de ser discípulos do Senhor. ‘Mas, padre, eu sou um pecador…’: deixa-te levar por Jesus, sente sobre ti a Sua misericórdia, e o teu coração será preenchido de alegria e perdão. Não nos deixemos roubar a esperança de viver esta vida junto com Ele e com a força da Sua consolação”.
Unimo-nos a tantos e tantas pessoas que ao longo da história souberam ser fieis ao seguimento de Jesus indo além de uma letra, a lei, aquecendo-se continuamente do fogo interior do Espírito que nos transforma em verdadeiros seguidores e testemunhos de Jesus.
Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado


Nenhum comentário:

Postar um comentário