A MORTE E RESSURREIÇÃO DE LÁZARO (Jo 11,1-45)
1.
João 11,1-16: Uma chave para entender o sétimo sinal da ressurreição de
Lázaro
Lázaro estava doente. As irmãs Marta e Maria mandam chamar Jesus:
“Aquele a quem amas está doente!” (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e
explica: “Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por
ela seja glorificado o Filho de Deus!” (Jo 11,4). No Evangelho de João, a
glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1). Uma das
causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo 11,50;
12,10). Assim, o sétimo sinal vai ser para manifestar a glória de Deus (Jo
11,4). Os discípulos não entendem (Jo 11,6-8). Jesus fala da morte de Lázaro, e
eles entendem que esteja falando do sono (Jo 11,11-15). Ainda não percebem a
identidade de Jesus como vida e luz (Jo 11,9-10). Porém, mesmo sem entenderem,
eles estão dispostos a ir morrer com ele (Jo 11,16). A doutrina deles é
deficiente, mas a fé é correta.
2.
João 11,17-19:Jesus chega em Betânia
Lázaro está morto mesmo. Depois de quatro dias, a morte é absolutamente
certa, o
corpo entra em decomposição e já cheira mal (Jo 11,39). Muitos judeus
estão na casa de Marta e Maria para consolá-las da perda do irmão. Os
representantes da Antiga Aliança não trazem vida nova. Só consolam. Jesus é que
vai trazer vida nova. Os judeus são os adversários que querem matar Jesus (Jo
10,31). As duas mulheres criaram um espaço novo de contato entre Jesus e seus
adversários. Assim, de um lado, a ameaça de morte contra Jesus! De outro lado,
Jesus chegando para vencer a morte! É neste contexto de conflito entre vida e
morte que vai ser realizado o sétimo sinal.
3.
João 11,20-24: Encontro de Marta com Jesus – promessa de vida e de
ressurreição
No encontro com Jesus, Marta diz que crê na ressurreição. Ela está
dentro da cultura e da religião do povo do seu tempo. Os fariseus e a maioria
do povo já acreditavam na ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas
não a revelavam. Era fé na ressurreição no final dos tempos, e não na
ressurreição presente na história, aqui e agora. Não renovava a vida. Faltava
dar um salto. A vida nova da ressurreição só vai aparecer com Jesus.
4.
João 11,25-27: A revelação de Jesus provoca a profissão de fé
Jesus desafia Marta a dar este salto. Não basta crer na ressurreição que
vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a ressurreição já está
presente hoje na pessoa de Jesus e naqueles que acreditam em Jesus. Sobre eles
a morte não tem mais nenhum poder, porque Jesus é a “ressurreição e a vida”.
Então, Marta, mesmo sem ver o sinal concreto da ressurreição de Lázaro,
confessa a sua fé: “Eu creio que tu és o Cristo, o filho de Deus que vem ao
mundo”.
5.
João 11,28-31: O encontro de Maria com Jesus
Depois da profissão de fé, Marta vai chamar Maria, sua irmã. É o mesmo
processo que já encontramos na chamada dos primeiros discípulos: encontrar,
experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus. Maria vai ao encontro
de Jesus, que continua no mesmo lugar onde Marta o tinha encontrado. Tal como a
sabedoria, que se manifesta nas ruas e nas encruzilhadas (Pr 1,20-21), assim
Jesus é encontrado no caminho fora do povoado. Hoje, tanta gente busca saídas
para os problemas da sua vida nas ruas e nas encruzilhadas! João diz que os
judeus acompanhavam Maria. Pensavam que ela fosse ao sepulcro do irmão. Eles só
entendiam de morte, e não de vida!
6.
João 11,32-37: A resposta de Jesus
Maria repete a mesma frase de Marta: “Senhor, se tivesses estado aqui,
meu irmão não teria morrido” (Jo 11,21). Ela chora, todos choram. Jesus se
comove. Quando os pobres choram, Jesus se emociona e chora. Diante do choro de
Jesus, os outros concluem: “Vede como ele o amava!” Esta é a característica das
comunidades do Discípulo Amado: o amor mútuo entre Jesus e os membros da
comunidade. Alguns ainda não acreditam e levantam dúvidas: “Esse que curou o
cego, por que não impediu a morte de Lázaro?”
7.
João 11,38-40: Retirem a pedra!
Pela terceira vez, Jesus se comove (Jo 11,33.35.38). É assim que João
acentua a
humanidade de Jesus contra aqueles que, no fim do século I,
espiritualizavam a fé e negavam a humanidade de Jesus. Jesus manda tirar a
pedra. Marta reage: “Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!” Novamente, Jesus a
desafia, apelando para a fé na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da
glória de Deus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”
8.
João 11,41-44: A ressurreição de Lázaro
Retiraram a pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade
das pessoas, Jesus se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de
graças: “Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me
ouves!” O Pai de Jesus é o mesmo Deus que sempre escuta o grito do pobre (Ex
2,24: 3,7). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por
causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o
enviado do Pai. Em seguida, grita em alta voz: “Lázaro, vem para fora!” E
Lázaro vem para fora. É o triunfo da vida sobre a morte, da fé sobre a incredulidade!
Um agricultor do interior de Minas comentou: “A nós cabe retirar a pedra. E aí
Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer tirar a pedra e, por isso
a comunidade deles não tem vida!”
Mesters e Orofino
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