A RESSURREIÇÃO DE JESUS (João 20,1-9)
Não há descrição da ressurreição.
Ninguém testemunhou o fato mais revolucionário da história. Estamos diante de
um mistério. Algo aconteceu, é verdade. Olhando de longe, como Maria Madalena,
podemos chegar a acreditar em boatos: Os discípulos vieram de noite e levaram o
corpo de Jesus (Mt 28.13). Boatos geram incerteza, medo e tristeza.
Temos que
chegar mais perto. Como comunidade cristã, temos de correr a corrida da fé, em
busca da fé e da esperança. Como Pedro e o discípulo amado, corremos em velocidades
diferentes. Nossas forças não são iguais; uns conhecem atalhos que outros
ignoram. Mas corremos. Buscamos a presença de Jesus Cristo. Este é o nosso
objetivo. Buscamos o corpo de Jesus. A corrida da fé em busca da fé nos leva a
todos diante do túmulo vazio e escuro. De fora vemos que o corpo de Jesus não
está mais ali onde pensávamos encontrá-lo. Inacreditável! Será que estamos
vendo certo? Temos que verificar mais de perto ainda. Temos de entrar no túmulo
vazio e escuro, temos de passar por ele. Temos de passar com Cristo pela morte
(Jo 12.24; Mc 8.34-35). Somente dentro do túmulo se abrirão os nossos olhos: no
escuro do túmulo vazio, na ausência do corpo de Cristo, veremos, qual luz no
fim do túnel, o brilho da ressurreição. O que fora estava oculto aos nossos
sentidos, dentro se evidencia aos olhos da fé. Deus o ressuscitou no terceiro
dia!. Crê somente!
Aos nossos
sentidos se revela a realidade marcada pela morte em nosso tempo: no rosto dos
desempregados, marcados pelo medo e pela incerteza; no rosto de crianças
famintas de pão e de carinho; no rosto das moças que vendem sua vida por alguns
trocados; no rosto de pessoas corruptas e gananciosas, que não hesitam em usar
outros para seu próprio benefício; nas cicatrizes expostas da natureza depredada.
Temos que passar pelo vale escuro, pelo túmulo vazio e olhar para além da nossa
realidade.
Aos olhos da
fé é revelada a possibilidade e a realidade de uma vida
renovada, de um mundo
renovado integralmente. Como Pedro e o outro discípulo, nós vamos para casa
crendo. Saímos do túmulo repletos de fé e esperança. Saímos renova dos. Fomos
do túmulo à procura do corpo de Jesus e saímos de lá como corpo de Cristo. Nós
somos o corpo que sumiu. Pela fé nos foi revelado que nossa única esperança
está além do túmulo. Passamos por ele. Morremos com Cristo. Saímos dele. Fomos
ressuscitados juntamente com Cristo e elevados acima da morte (Cl 3.1-4). Nosso
corpo já não se presta para servir à morte, mas à libertação de todas as formas
de morte e sofrimento.
Ocorreu um
redirecionamento de nossa existência no mundo. Buscamos os valores que estão
além e acima da morte. Não mais violência, corrupção, mentira, falta de
dignidade, exploração, mas amor, fé, esperança, bondade, alegria. Sem ver a
plenitude e a glória da ressurreição, sabemos que nossa vida está guardada em
Deus e cremos na palavra dos apóstolos. Nossa vida não é a glória, mas reflexo
da mesma. Para
o nosso tempo somos luzes no fim do túnel, que indicam para o
sol da ressurreição e da vida renovada, que é Jesus Cristo.
Ao sairmos
daqui, o que temos a fazer? Através de nossa maneira de viver vamos explicar,
tornar presença, tornar corpo, tornar palpável, vivenciável a nova realidade da
ressurreição, para que mais gente se sinta animada a dar o passo de fé para
além do túmulo.
Nélio Schneider
Feliz Páscoa!
joaobortoloci@bol.com.br
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