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7/03/2019

"DEUS CHAMA A GENTE PRA UM MOMENTO NOVO"

O novo abrindo caminho, a transformação acontecendo.
3º. Bloco – Lucas 5,1 a 9,50

1-      “Deus chama a gente pra um momento novo”

No 2º. Bloco, Jesus atuava sozinho, dando continuidade e complementação às promessas que vinham do Antigo Testamento. Agora, no 3º. Bloco, na medida em que a missão se abre, ele vai chamando outras pessoas para seguí-lo. Chama Pedro, Tiago e João (Lc 5,1-11), chama Levi (Lc 5,27-31, escolhe os doze (Lc 6,12-15). Pouco a pouco, estas e outras pessoas, homens e mulheres (Lc 8,1-3), vão sendo envolvidas na missão, chamadas a ir na frente de Jesus para anunciar a boa Nova do Reino ao povo (Lc 9,1-6). Forma-se assim, uma comunidade de homens e mulheres, em igualdade de condições. Amostra do Reino.

2-      O novo abrindo caminho, a transformação acontecendo
No 2º. Bloco (3,1 a 4,44), já dava para ver as diferenças entre o Antigo e o Novo. Já dava para ver a universalidade da missão de Jesus. Agora, no 3º. Bloco, esta semente desabrocha. O Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo. As linhas de força da mensagem de Jesus vão aparecendo com maior clareza. Aparecem também os conflitos que a Boa Nova provoca quando entra em contato com a mentalidade antiga. Pois Jesus acolhe todo tipo de pessoas, sobretudo as que, em nome da lei de Deus, eram excluídas do convívio na comunidade: leprosos (5,12-16), paralíticos (5,13-26), publicanos (5,26-32), os pobres (6,20-23), estrangeiros (7,1-10). Para o bem das pessoas Jesus transgride as normas do jejum (5,33-39), do sábado (6,1-10), da pureza (5,13) e amplia a comunhão de mesa (5,30). Num longo discurso, ele denuncia a injustiça dos ricos que gera pobreza (6,20-26) e manda ter uma atitude diferente para com os inimigos (6,27-38). Toda esta prática de Jesus desnorteia até João Batista, mas Jesus não volta atrás. Ele manda João olhar os fatos e compará-los com as profecias (7,18-30). Critica os que não sabem ler os sinais dos tempos (7,31-35), defende a moça do perfume contra o fariseu (7,36-50). É assim que o novo vai abrindo caminho e que a transformação vai acontecendo. Em Jesus aparece um poder maior: ele acalma a tempestade (8,22-25), expulsa demônios (8,26-39), vence a impureza e ressuscita os mortos (8,40-56). Afinal quem é este Jesus que age e fala desta maneira?

3-      “Quem dizem os homens que eu sou?”

No fim, Jesus faz uma avaliação da caminhada e pergunta: “Quem sou eu no dizer da multidão?” (9,18-21). O resultado é fraco. O povo não sabe quem é Jesus. os discípulos reconhecem nele o Messias, mas o entendem conforme a propaganda do governo e da religião  oficial, que esperavam um Messias glorioso nacionalista. Jesus anuncia que o Messias vai ser morto, e quem quiser seguí-lo no mesmo compromisso com os pobres e excluídos vai ter que carregar a mesma cruz (9,22-27). É o momento da crise, tanto para Jesus como para os discípulos. Jesus sobe a montanha para rezar. Lá em cima, ele se transfigura. De Moisés e Elias recebe a confirmação de que deve realizar o seu “^êxodo”em Jerusalém (9,28-36). Nem assim os discípulos entendem o anúncio da cruz (9,44-45). Eles continuam brigando entre si para saber quem é o maior (9,46-48) e pensam ter o monopólio sobre Jesus (9,49-50). A idéia do Messias glorioso, divulgada pelo Templo de Jerusalém, impedia a eles de ver em Jesus o Messias Servidor, anunciado por Isaías. Diante desta conjuntura, Jesus decide ir para Jerusalém e enfrentar o problema.

4-      Chamados a fazer uma opção.

As duas afirmações : felizes vocês, pobres!” e “Ai de vocês, ricos!” levam os ouvintes a fazer uma escolha, uma opção, a favor dos pobres. No Antigo Testamento, várias vezes, Deus colocou o povo diante de uma escolha de benção ou de maldição. Ao povo foi concedida a liberdade para escolher: “Eu lhes propus a vida ou a morte, a benção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver”(Dt 30,19). Não é Deus quem condena. Somos nós que nos condenamos mediante nossas escolhas. Deus visita o seu povo (Gen 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; 32,34; Jer 29,10; Sl 59,6; Sl 65,10; Sl 80,15; Sl 106,4). Lucas é o único evangelista a empregar esta imagem da visita de Deus (Lc 1.68.78; 7,16; 19,44; At 15,16). Para Lucas Jesus é a visita de Deus que coloca o povo diante da escolha da benção ou da maldição: “Felizes vocês pobres!” e “Ai de vocês, ricos!” Mas o povo não reconheceu a visita de Deus (Lc 19,44).


 (Baseado no livro O Avesso é o lado certo – Carlos Mesters e Mercedes Lopes )

“QUANDO O ESPÍRITO DE DEUS SOPROU ...”

 O NOVO CHEGA COM FIRMEZA E TERNURA 
                                                     2º. Bloco – Lucas 3,1 à 4,44 

1- O Novo chega com firmeza e ternura

Nos dois capítulos do 2º. Bloco, tudo gira em torno da pregação e da proposta de dois grandes mensageiros: João e Jesus. João é o último grande profeta do Antigo Testamento. Em nome de todo o passado, ele aponta o Novo chegando em Jesus. Deste modo, Lucas mostra como o Antigo Testamento vai terminando, cedendo o lugar ao Novo que vem chegando. Mostra a continuidade e a ruptura que existem entre os dois Testamentos. Com a palavra de João Batista, Lucas ensina que a partilha é a condição de se poder passar do Antigo para o Novo.

2- João: o último grande profeta do Antigo Testamento, precursor de Jesus
Lucas dá uma atenção muito grande à atividade e à pregação de João. É que na época em que ele escreve, em torno do ano 85, havia muita discussão nas comunidades em torno do significado da missão de João Batista. O próprio Lucas dá notícia desta discussão no livro dos Atos dos Apóstolos (At 19,1-7). João continuava tendo uma grande popularidade e autoridade. Muitos o consideravam o Messias. Nos dois capítulos deste segundo Bloco, Lucas procura trazer uma luz para ajudar as comunidades no discernimento. Ele deixa bem claro que João não é o Messias, e mostra os seus limites. A imagem que João se fazia do Messias não correspondia ao que Jesus era e fazia. Mais tarde, João até mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” (Lc 7,19). O  Antigo não pode querer controlar o Novo. Deve, ao contrário, abrir-se para acolhê-lo. O Antigo Testamento deve ser lido e interpretado a partir da nova experiência de Deus que chegou até nós em Jesus. Foi o que João fez. Ele não se agarrou às suas idéias nem se fechou, mas apontou Jesus como o mais forte, “do qual não sou digno de desamarrar a correia das sandálias”(Lc 3,16).

3- “Quando o Espírito de Deus soprou...!”

Neste 2º. Bloco, Lucas mostra os vários aspectos do Novo que aparece em Jesus:
a)      Em Jesus se manifesta o dom do Espírito Santo, prometido no Antigo Testamento. O Espírito Santo está presente em tudo que Jesus diz e faz, desde o batismo (Lc 3,21-22) até à hora da morte, (Lc 23,46). Ele o recebe em plenitude na ressurreição para poder entregá-lo a nós (At 1,2).
b)      Em Jesus o projeto de Deus ultrapassa a raça de Abraão e se abre para a humanidade toda, pois Jesus é filho não só de Abraão (Lc 3,34), mas também de Adão (Lc 3,38). Esta abertura de Jesus para os pagãos transparece na apresentação do seu programa na comunidade de Nazaré. Sua mensagem vai para além dos limites de sua raça (Lc 4,26-27).
c)      Jesus é o novo começo do povo de Deus. O antigo povo foi tentado no deserto e caiu. Jesus é tentado no deserto e, pela força do Espírito, vence a tentação (Lc 4,1-13). Por isso, se torna o novo começo. Assim ao longo dos dois capítulos deste 2º. Bloco, aparece a semente da novidade de Jesus. Nos outros blocos, esta semente irá crescendo, provocando muitos conflitos com o Antigo que se fecha.


(Baseado no livro O Avesso é o lado certo – Carlos Mesters e Mercedes Lopes )


5/11/2019

DEUS SEMPRE NOS SURPREENDE

AS SURPRESAS DE DEUS

 O anúncio do anjo a Maria (Lc 1,26-38) vem depois do anúncio do anjo a Zacarias (Lc 1,5-25). Nos dois casos anuncia-se um nascimento. Vale a pena comparar os dois anúncios para perceber as semelhanças e as diferenças. Descrevendo a visita do anjo a Maria e a Isabel, Lucas evoca as visitas de Deus a várias mulheres estéreis do Antigo Testamento: Sara, mãe de Isaque (Gn 18,9-15), Ana, mãe de Samuel (I Sam 1,9-18), a mãe de Sansão (Jz 13,2-5). A todas elas o anjo tinha anunciado o nascimento de um filho com missão importante na realização do plano de Deus. E agora, ele faz o mesmo anúncio a Isabel, esposa de Zacarias, e a Maria. Maria não é estéril. Ela é virgem. No Antigo Testamento, o anjo de Deus, muitas vezes, é o próprio Deus.

A Palavra de Deus chega a Maria não por meio de um texto bíblico, mas através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na visita do anjo. Foi graças à ruminação da Palavra de Deus da Bíblia que ela foi capaz de perceber a Palavra viva de Deus na visita do anjo.

Lucas não fala muito sobre Maria, mas aquilo que fala tem grande profundidade. Quando fala de Maria, ele pensa nas comunidades. Apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. É na maneira de ela relacionar-se com a Palavra de Deus que Lucas vê a maneira mais correta para a comunidade relacionar-se com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-se moldar por ela, mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Esta é a visão que está por trás dos textos dos capítulos 1 e 2 do Evangelho de Lucas, que falam de Maria, a mãe de Jesus.
Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano. Maria é, para ele, o modelo da comunidade fiel. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, ele ensina como aquelas comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e irmãs.
O episódio da visita de Maria a Isabel mostra ainda outro aspecto bem próprio de Lucas. Todas as palavras e atitudes, sobretudo o Cântico de Maria, formam uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas evoca o ambiente litúrgico e celebrativo, em que as comunidades devem viver a sua fé.
O texto Lc 1,39-56 nos fala da visita de Maria a sua prima Isabel. As duas eram conhecidas uma da outra. E, no entanto, neste encontro elas descobrem, uma na outra, o mistério que ainda não conheciam e que as encheu de muita alegria. Hoje também encontramos pessoas que nos surpreendem com a sabedoria que possuem e com o testemunho de fé que nos dão.
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender as exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia ônibus nem trem.
O Segundo Livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse: “Como virá a Arca de Javé para ficar na minha casa?” (2 Samuel 6,9). Davi mandou que a Arca fosse para a casa de Obed-Edom. “E a Arca de Javé ficou três meses na casa de Obed-Edom, e Javé abençoou a Obed-Edom e a toda a sua família” (2 Samuel 6,11). Maria, grávida de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas trazendo benefícios. Ela vai para a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto está na casa de Isabel, ela e toda a sua família são abençoadas por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e graça de Deus para o povo.
A atitude de Maria frente à Palavra expressa o ideal que Lucas quer comunicar às comunidades: não fechar-se sobre si mesmas, mas sair de si, sair de casa, e estar atentas às necessidades bem concretas das pessoas e procurar ajuda na medida das necessidades.
Em Lucas 2,8-20 temos a visita do anjo aos pastores anunciando o nascimento do Salvador. E o sinal do reconhecimento é este: “Vocês vão encontrar um recém-nascido, envolto em faixas e  deitado numa manjedoura!” Surpresa grande! Eles esperavam o Salvador de todo o povo e encontram um recém-nascido pobre, deitado num coxo de animal!
Deixe Deus lhe surpreender. Ele se manifesta nas coisas pequenas e conhecidas. Quando as coisas são muito conhecidas a gente já não presta tanta atenção. Assim acontece com a visita de Deus em nossas vidas. Ela é tão presente e tão contínua que, muitas vezes, já não a percebemos e, por isso, perdemos uma grande oportunidade de viver na paz e na alegria.


 (Baseado no livro O Avesso é o lado certo – Carlos Mesters e Mercedes Lopes )

4/06/2019

CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA!

RESSURREIÇÃO E PERTENÇA À IGREJA

     
    Amados irmãos e irmãs, a Igreja é a comunidade dos que crêem no ressuscitado. Estar em comunhão com a Igreja é estar em comunhão com os apóstolos que anunciaram ao mundo a ressurreição do Senhor. E uma vez que me coloco nesta comunhão “com um só coração e uma só alma” (At 4, 32-35), também me torno uma testemunha do ressuscitado.
        Crer na ressurreição implica numa comunhão profunda, afetiva (com o coração) e efetiva (prática) com a Igreja. Ou seja, não dá para ser Igreja sem estar em comunhão com ela. E estar em comunhão com a Igreja é estar em comunhão com o ressuscitado.
         De modo que nossa pertença à Igreja não pode estar reduzida a uma mera busca de sacramentos e interesses pessoais. Minha pertença à Igreja tem que ser afetiva, é preciso ter paixão pela Igreja, amar a Igreja, conhecer a Igreja, servir a Igreja, porque nela eu me encontro com Jesus Cristo. No coração de cada católico deveria bater o mesmo coração da Igreja. Minha pertença à Igreja tem que ser também efetiva. Ou seja, tenho que estar comprometido com a Igreja, com os seus trabalhos de evangelização, com seu sustento. A Igreja não pode ser preocupação apenas do padre ou daqueles que estão inseridos nas pastorais e nas pequenas comunidades. A Igreja deve ser preocupação de todo batizado. Se assim nos dispormos, de fato a Igreja cumprirá sua missão no mundo.
         A experiência com O Ressuscitado deve nos libertar de nossos medos. Medo de ser cristão, medo de evangelizar, medo de servir, medo de anunciar. Medo, covardia, é o que nos impede de servir o Senhor na sua Igreja. Olha os discípulos, estavam paralisados pelo medo (Jo 20,19s), pois a hostilidade do mundo era grande. Porém, quando Jesus se coloca no meio deles, eles se alegram e o Senhor os envia: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20, 21). Neste envio a Igreja recebe a missão de evangelizar o mundo.
         Por fim, vejamos os passos percorridos pelos apóstolos até terem a coragem de anunciar Jesus Cristo ressuscitado ao mundo. Primeiro a experiência do medo, depois a alegria de encontrarem o Senhor. O Senhor os envia, o Senhor lhes dá o dom do Espírito e os envia ao mundo com a missão de evangelizar. Este mesmo processo deve acontecer na vida de cada batizado. Se não nos tornamos católicos militantes é porque ainda não tomamos posse do poder do Espírito derramado sobre nós. Se tomamos posse desse dom e mesmo assim não somos militantes, estamos enterrando os talentos que Deus nos deu, dos quais nos será pedido contas um dia. Portanto, não tenhais medo, tornai-vos uma testemunha do ressuscitado no mundo.
Vista a camisa de sua Comunidade Cristã!  
Pertença de verdade à sua Igreja !


Assuma a sua identidade de cristão católico!  
Feliz Páscoa!

3/09/2019

PARÓQUIA:  REDE DE COMUNIDADES

(Por Pe. Pedro F. Bassini – Revista Pastoral)


“A conversão da Paróquia em comunidade de comunidades consiste em ampliar a formação de pequenas comunidades de discípulos convertidos pela Palavra de Deus e conscientes da urgência de viver em estado permanente de missão. O discípulo de Jesus Cristo percebe que a urgência da missão supõe desisntalar-se e ir ao encontro dos irmãos (Documento da CNBB, 100).
Suas características principais são:

a) Descentralização
b) Empoderamento dos fiéis
c) Ministerialidade
d) Consciência de pertença

e) Poder-serviço
f) Missionariedade

g) Transformação social

a) Descentralização (o conselho de Jetro a Moisés, Ex 18,13-27). A vida eclesial se desenvolve na comunidade, e a matriz, em sentido pastoral, torna-se apenas uma comunidade. Embora conserve o poder jurisdicional canônico, é apenas uma instituição jurídica e de serviço à rede de comunidades que a compõe em seu território prescrito. O poder não está centralizado na matriz e no pároco, e sim no conselho que rege a rede: o conselho pastoral paroquial, formado com representantes oficiais de cada comunidade, basicamente sua coordenação. As decisões são sempre colegiadas tanto para a rede como para cada comunidade, que conta com o seu conselho comunitário pastoral. Este é formado pelas forças vivas da comunidade: líderes nas pastorais, nos movimentos e nas associações de cunho tanto religioso quanto político-social. Essa descentralização compreende uma interdependência funcional das comunidades entre si e com o pároco, que se torna o animador da rede paroquial. Com isso, a comunidade torna-se sujeito na evangelização e não apenas objeto, em que um líder descarrega sua fala sobre o evangelho ou outro assunto qualquer de cunho religioso.

b) Empoderamento dos fiéis. Fica eliminada a clássica divisão clero-leigos: a Igreja ao clero, o mundo aos leigos. Todos os fiéis, exercendo a missão batismal, são corresponsáveis na evangelização, cada um no seu lugar e ministério, ordenado ou não ordenado, organizados para a funcionalidade do todo eclesial. Essa mentalidade gera o respeito a cada membro da comunidade, que se sente acolhido e integrado ao corpo comunitário e sabe do seu direito e do seu dever. Para isso, o plano de pastoral paroquial vai contemplar grande espaço de tempo para o estudo, favorecendo a formação em todos os níveis de organização do povo nas comunidades. Dessa forma, fica clara a visão do Vaticano II sobre a Igreja povo de Deus (LG=Luz para os povos 308). Do nível da assistência passa-se ao nível de participante, integrante, celebrante. A espiritualidade encarna na vida e será exercida em qualquer lugar e função que se desenvolva, pois o fiel é Igreja por onde ele passa, e 

seu testemunho torna-se visível pelo seu comportamento vivencial. Cessa a dependência e se cria a intercomunhão, que possibilita o diálogo maduro em todos os níveis. Na dependência, funciona a submissão e a escravidão; só na autonomia a liberdade pode ser exercida. Nesse sentido, empoderamento é devolver ao outro o direito que ele tem de sustentar uma relação em nível de pessoa, com sua característica pessoal, ou seja, no seu jeito de ser.

c) Ministerialidade. Uma Igreja toda ela ministerial significa ir às fontes do cristianismo, resgatando o jeito de viver o evangelho nas primeiras comunidades e o adaptando às exigências reais deste tempo na sua culturalidade; mas o princípio é o mesmo, basta conferir as cartas apostólicas no que diz respeito à vida da comunidade. O exemplo disso é a comparação que o apóstolo Paulo faz da comunidade com o corpo (1Cor 12,12-31). Há uma variedade de membros, cada um com sua função definida, porém na unidade do corpo e todos os membros em prol do mesmo corpo. O corpo só funciona bem se seus membros estiverem funcionando bem. Cada um no seu posto e o todo vai bem. O diferente não atrapalha, mas complementa e desenvolve diferentemente uma função que completa a harmonia. Diferentes, mas todos igualmente importantes e respeitados em sua função. São ministérios de serviço e não resguardam privilégios, sentem-se realizados enquanto servem e o ganho final é sempre do corpo inteiro. O ministro não apresenta um show com base em seus talentos nem está interessado em aplausos que elevem seu orgulho pessoal. O que vale é o “com-junto” (junto com). Por ministério entendemos um serviço institucionalizado e continuado que faz existir a comunidade, pois todo ministério existe para a comunidade, ele é essencialmente comunitário, aí ele nasce e se desenvolve.

d) Consciência de pertença. O batismo insere a pessoa no seguimento de Cristo numa comunidade. Na Igreja primitiva, os convertidos passavam pelo batismo e daí em diante testemunhavam o Ressuscitado, mudavam seu comportamento vivencial e, mesmo que por causa desse modo de viver fossem levados ao martírio, dificilmente trocavam o comportamento, renegavam o nome recebido. “Vestiam a camisa”, defendiam a causa, propagavam com a própria vida e em qualquer ambiente testemunhavam. A fé modelava a vida. Essa é a MINHA comunidade; eu SOU essa comunidade. Se ela vai bem ou mal, depende também de mim, e, quando critico, é para fazê-la progredir. A consciência de pertença é o enraizamento da pessoa na comunidade; bem
enraizada, ela está segura e pode circular por vários ministérios e serviços sempre com a mesma disponibilidade e alegria. Como sinais concretos de pertença, podemos definir: a presença responsável, a frequência às atividades – celebrações e eventos –, o compromisso com o dízimo, a colaboração nas necessidades extraordinárias e o estudo para alargar os conhecimentos eclesiais.

e) Poder-serviço. Aqui, os membros da comunidade se embasam no testemunho de Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate” (Mt 20,28). Estamos falando da autoridade moral, que se faz respeitar pela força interna da alma e não pela ditadura da lei ou pela força das armas. O poder-serviço nunca tem medo do diálogo e aceita na mesa de conversação qualquer tipo de assunto em busca do que seja melhor para a comunidade, sem, porém, abrir mão da ética e da caridade. O poder que não é serviço exclui assuntos e, para não sair do mando, foge. Aplica a lei com parcialidade para beneficiar-se das definições. Põe-se acima do bem e do mal, é sempre um juiz definidor. Mas Deus se fez serviço (Lc 17,10). Pelo poder-serviço nunca se buscam privilégios, ganhos ou lucros – “serve enquanto serve” e continuará sempre servindo, pois descobriu que nesse sistema está a alegria e toda a realização humana. Não é um trabalho com remuneração, mas é a aplicação da gratuidade na graça. Isso enobrece a alma.

f) Missionariedade. Na comunidade, a missão não é um ministério ou um serviço temporário que uma pessoa determinada desenvolve. É a razão de ser da comunidade. A missão da Igreja é evangelizar, e isso não significa só falar do evangelho. Toda a comunidade é missionária enquanto vive o evangelho no jeito de Jesus. Se alguém é designado para uma função fora da comunidade, nunca vai para mostrar seu talento pessoal. O que faz, o faz em nome da comunidade que o enviou. Normalmente, essas funções são desenvolvidas em duplas ou equipes, justamente para salientar o aspecto comunitário. Para ser missionário, primeiro se precisa ser discípulo. No discipulado está o aprendizado. Aprender a tomar a cruz de cada dia para estar seguro do
seguimento. Por isso, a teologia da cruz tem lugar de destaque na comunidade. Pois ela não se reúne para efetuar curas ou milagres nem para fazer shows. O seu marketing é a cruz da qual pendeu a salvação do mundo. A comunidade deve ser tão grande, que nela caibam todas as realidades existentes em seu território, inclusive afetivo, mas deve ser tão pequena, que todos os membros se conheçam e ninguém fique escondido ou excluído. Por isso, quando o número de fiéis aumenta muito, é hora de exercer a missão e fundar outra comunidade para não perder a irmandade. Com isso, multiplicam-se as lideranças, favorece-se a presença, expandem-se os sinais testemunhais. A comunidade é missionária em si mesma e para fora de si. Aonde quer que vá um fiel formado nessa mentalidade, seu compromisso é ser comunidade, inserindo-se em uma já existente ou formando outra.

g) Transformação social. Em uma paróquia centralizadora ou de massa, sua periferia ficará sempre abandonada, e justamente os pobres, pelos quais o Cristo fez opção preferencial, continuam desamparados. Transformação social está ligada com Reino de Deus. O objetivo da vivência da fé, ou da evangelização, é fazer que a sociedade seja justa, fraterna e solidária. Implantando comunidades em todo o território social, cria-se a estrutura para a dinâmica do reinado. Muitas realidades eclesiais perderam a ligação com esse objetivo. Centram toda a pregação no reinado pós-morte e na vivência individual dos valores morais do tipo “salva a tua alma!” Quando Jesus anunciou o Reino, quis garantir um lugar de vivência saudável para a humanidade. Por
isso, a comunidade não está ocupada apenas com a dimensão espiritual da pessoa, mas quer cuidar também do corpo dessa pessoa e do lugar onde esse corpo, essa pessoa, habita. Trabalhar politicamente para as melhorias físicas do bairro onde reside é genuína evangelização; promover o bem comum, cuidar dos bens que pertencem a todos, é evangelização; ajudar o outro a ser mais feliz é evangelização; defender a ética na política, no comércio e nas relações interpessoais é evangelização; denunciar a corrupção e todas as falcatruas é evangelizar. Toda espiritualidade que não leva o fiel a esse comportamento não vem de Deus.

Meu irmão e minha irmã, se você quiser conhecer todo o nosso subsídio de março é só clicar no Link abaixo

8/11/2018


Subsídios das Pequenas Comunidades 
Eclesiais, Bíblicas e Missionárias 
Paróquia Imaculado Coração de Maria - Piracicaba


PARÓQUIA IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA CELEBRA 65 ANOS

CREIO COMUNITÁRIO DOS 65 ANOS DA PARÓQUIA IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

1-      Nós cremos Senhor, nosso Deus, na sua força criadora no início da Paróquia Imaculado Coração de Maria e na inspiração dada  ao padre João Echevarria para edificar este templo maravilhoso.

2-      Nós cremos Senhor Jesus Cristo, que o Senhor  fundou a sua Igreja sobre a fé de Pedro, sobre a fé de seus discípulos e discípulas de ontem e de hoje, sobre a nossa fé. 1º.

3-      Nós cremos Divino Espírito Santo, que a sua luz brilhou no coração de tantas pessoas, nestes 65 anos de história de nossa Paróquia onde tantos nomes foram escritos no livro da vida.

4-      Nós cremos Senhor Deus, na força dos antepassados desta Paróquia, que deram a vida num grande mutirão de fé, vivendo em comunidade, defendendo os valores da família e colaborando na construção do seu Reino.

5-      Nós cremos Senhor Jesus, que precisamos pertencer, com todo o nosso coração, de sua Igreja hoje, sob o pastoreio do Papa Francisco, vivendo em comunidade, sendo Sal da terra e Luz do mundo.

6-      Nós cremos Divino Espírito Santo, no futuro da Igreja, na sua identidade missionária, na força da juventude e de que um mundo novo é possível.

7-      Nós cremos Senhor Nosso Deus que nessa caminhada dos 65 anos de nossa paróquia, nossos pais beberam na fonte da espiritualidade do seu rochedo do qual nós também temos sede e queremos continuar bebendo desta fonte de vida.

8-      Nós cremos Senhor Jesus, que entre nós que lhe seguimos, precisamos viver em comunidades eclesiais, bíblicas e missionárias, tendo uma ligação afetiva forte, sendo “um só coração e uma só alma”.

9-      Nós cremos Divino Espírito Santo, na força do testemunho familiar e comunitário e que somos chamados a fazer do mundo uma só família onde reine o amor.


10-  Nós cremos Santíssima Trindade, na força intercessora de Maria, nossa Mãe, que intercedeu nestes 65 anos de história junto vosso coração  pela nossa Paróquia Imaculado Coração de Maria e que continuará intercedendo por nós para que possamos seguir os passos de Jesus, e chegar ao fim de nossa vida confiantes e serenos por termos cumprido a nossa missão.

2/14/2018

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2018

O cartaz foi escolhido pela CNBB (Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o cartaz da CF 2018 representa a multiplicidade da sociedade brasileira. No cartaz podemos ver várias pessoas de diversas idades e etnias com as mãos dadas.
“A violência atinge toda a sociedade brasileira em suas múltiplas esferas, o caminho para superar a violência é a fraternidade entre as pessoas que se unem para implementar a cultura da paz”, comenta o Padre Luís Fernando da Silva.
O tema da Campanha da Fraternidade 2018 é “Fraternidade e superação da violência”, o Padre Luís ainda ressalta que “A Igreja no Brasil escolheu o tema da superação da violência devido ao crescimento dos índices de violência no Brasil. Esse tema já foi discutido na década de 80, num contexto em que o país vivia a recessão militar e dentro desse contexto foi possível mapear diversas formas de violência”.