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9/29/2011

SANTA MARIA

SANTA MARIA, COMPANHEIRA DE VIAGEM


SANTA MARIA, Mãe terna e forte, nossa companheira de viagem na estrada da vida, todas as vezes que contemplamos as coisas grandes feitas em ti pelo onipotente experimentamos uma viva melancolia por nossa lentidão.
Tanto que sentimos a necessidade de alongar o passo para caminhar próximos de ti.
Ajuda-nos, portanto, neste nosso desejo de prender-te pela mão, e acelera a cadência de caminhantes um pouco atrasados.

Faze-nos, também, peregrinos da fé, e não somente cercaremos a Senhora, mas, contemplando-te, qual ícone na solicitude humana para aqueles que se encontram na necessidade, atingiremos a “cidade”, levando-lhes os mesmos frutos da alegria que tu trouxeste, um dia, a Isabel.

SANTA MARIA, VIRGEM DA MANHÃ,
dá-nos a alegria de intuir, pelas frestas da aurora, a esperança de um novo dia. Inspira-nos palavras de coragem. Não nos deixes tremer a voz
diante de tanto mal e pecado presentes no mundo, ousamos anunciar que veremos tempos melhores.

Não permitas em nossos lábios que o lamento  prevaleça sobre o encantamento,
que o conforto supere a operosidade, que o ceticismo vença o entusiasmo,
e que o peso do passado nos impeça de crer no futuro.

Ajuda-nos a acompanhar, com mais audácia, seus jovens
e preservá-los da tentação de enfraquecê-los com a manhã de palavras estéreis.
Convence-os que somente na  conduta de autenticidade e de coerência
estarão dispostos  a abandonar a sedução.

Multiplica nossa energia para que saibamos investi-la na prevenção das novas gerações. Dá a nossa voz a cadência do aleluia pascal. Introduz os sonhos na sabedoria de nosso realismo. Faze-nos cultuar o ardor das utopias de cujo sangue jorra a esperança do mundo.

Ajuda-nos a compreender que mostrar os brotos despontando em seus ramos
vale mais do que chorar sobre a folha caída. E infunde-nos a segurança de quem já vê o oriente incendiar-se aos primeiros raios do sol.


SANTA MARIA, VIRGEM DO MEIO-DIA, dá-nos a embriaguez da luz.
Estamos experimentando bastante o apagar de nossa lanterna e o declinar da ideologia do vigor.
Arranca-nos desta desolação da separação e inspira-nos a humildade da busca.

Esteja o nosso ardor da graça na palma da tua mão.
Traze-nos de volta a fé, que uma outra mãe, pobre e boa como tu, nos transmitiu,  quando éramos crianças, e que, talvez um dia, tenhamos em parte desviado por uma miserável porção de lentilhas.

Tu, mendicante do Espírito, enche o nosso vaso de óleo destinado a queimar diante de Deus! Faze-nos capazes de entregarmo-nos a Ele e modera nossa carne soberba. Faze com que a luz da fé, ainda quando assuma o acento da denúncia profética, não se renda à arrogância ou presunção, mas que dê alegria da tolerância e da compreensão.

Sobretudo, liberta-nos da tragédia de que nossa crença em Deus
possa tornar estranha a escolha concreta de todo momento,
e corra o risco de não  seguir mais o seu Filho, Jesus Cristo.


SANTA MARIA, VIRGEM DA TARDE, Mãe da hora em que se volta ao lar, e se saboreia a alegria de sentir-se acolhido por alguém.
E se vive a alegria indizível, de sentar-se à ceia com todos os outros, regalando-se com a comunhão.

Te pedimos pela nossa Igreja, que nenhuma sombra estranha a leve à fragmentação, dispersão
 e no trancamento dentro dos perímetros assinalados pelos fantasmas das quatro paredes.
Te suplicamos pela nossa cidade que, com freqüência, se torna terra de ninguém.

Te pedimos pela nossa família para que o diálogo, o amor crucificado, e o gozo  dos afetos domésticos se tornem, logo, privilégio do crescimento cristão e civil.

Te suplicamos por todos nós, para que , longe de espalharmos o egoísmo e o isolamento, possamos estar sempre como parte da vida, lá, onde ela nasce, cresce e morre. 
Te pedimos pelo mundo inteiro, pela solidariedade entre os povos que não seja vista mais como um dos tantos empenhos morais, mas seja descoberta como único imperativo ético sobre o qual se pode fundamentar a convivência humana.
Te pedimos para que  os pobres possam tomar assento, com igual dignidade à mesa de todos.

SANTA MARIA, VIRGEM DA NOITE, nós te imploramos para que estejas próxima, quando vem a dor e irrompe a provação, e zumbi o vento do desespero sobre nossa existência. 

Liberta-nos dos arrepios de temor na hora do nosso Calvário, Tu que experimentaste o eclipse do sol.
Estende teu manto sobre nós, de modo que a  tua respiração nos torne mais suportável a longa espera da liberdade.

Alegra, com carinho de mãe, o sofrimento dos doentes.
Seja presença amiga e discreta no tempo amargo em que se está só,
preserva de todo mal as nossas cargas que carregamos no dia a dia.

Repete, ainda hoje, a canção do Magnificat, e anuncia o transbordar da justiça a todos os oprimidos da terra. Não nos deixes só, na noite, a tremer em nosso medo: antes, nestes momentos de obscuridade, fica próxima de nós e nos sussurra que também tu, Virgem do Advento, estás esperando a luz, onde o  surgimento do  pranto desaparecerá à nossa volta e veremos, juntos, a aurora.
Assim seja!
                                                (Baseada na oração de D. Antonino Bello)

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