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8/22/2012

A MISSÃO NASCE DO CORAÇÃO DE DEUS


“Pode uma mãe esquecer-se do seu filho? Mesmo que uma mãe se esquecesse, Deus nunca se esqueceria de nós” (Is 49, 15). 

Esta frase do profeta Isaias torna-se uma provocação para nós que estamos refletindo sobre a origem e a razão última da missão.


Quando falamos de missão, é espontâneo pensar no momento em que Jesus, antes de voltar para o Pai, reúne seus discípulos e lhes confia sua própria missão: “vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade (Mt 16, 15). Seria esta a origem da missão? Considerando atentamente o modo como Jesus apresenta, vemos como Ele mesmo sabe que foi enviado. 

“Quem escuta a vocês escuta a mim, e quem rejeita vocês rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10, 16). Só no evangelho de São João, Jesus usa por mais de 40 vezes as expressões “fui enviado e me enviou”.

O MOTIVO DO ENVIO

Do contexto das frases de Jesus entendemos que Ele se sente enviado pelo Pai. É Dele, portanto, que nasce a missão. Jesus veio na plenitude dos tempos, mas, antes Dele, Deus havia enviado Abraão, Moisés, Isaías e tantos outros que, como Ele, sonham com um mundo melhor...

Mas por que tanta atenção ao ser humano? Encontramos uma dica interessante no livro do Deuteronômio: “Se Javé se afeiçoou de vocês e os escolheu, não é porque vocês são os mais numerosos entre todos os povos; pelo contrário, vocês são o menor de todos os povos!” (Dt 7, 7-8). Deus, portanto intervém na história e se revela por um único motivo: porque é um Deus que ama.

O evangelista São João é ainda mais incisivo: “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna!” (Jo 3, 16). O amor seguidamente rompe os limites da doação. Como nos diz São Paulo, o amor é gratuito, nada espera em troca. A missão é, portanto, a concretização do amor de Deus que quer a vida plena para todos os seus filhos. Deus coloca-se ao lado dos pequeninos, toma sua defesa e os ama.

UMA MISSÃO A TRES


A missão que encontra sua fonte no amor do Pai e sua expressão máxima no envio do próprio Filho, é fortemente marcada pela presença do Espírito. No momento em que Jesus desde às águas do Jordão para ser batizado pelo seu precursor, os céus se abrem e sobre Ele desce o Espírito Santo e o Pai o apresenta como o “Filho muito amado” (Lc 3, 22).

Ao apresentar sua missão na sinagoga de Cafarnaum, Jesus diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres, enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 18). 

Consagrado, portanto pelo espírito, Jesus está agora pronto para dar início à missão que lhe fora confiada. Da mesma forma, quando começa a preparar os seus discípulos para assumir a missão que Ele mesmo recebera do Pai. Jesus promete enviar o espírito Santo. É o Espírito da verdade que dará testemunho de Cristo (Jo 15, 26) e os ajudará à recordar tudo o quanto Ele lhes havia ensinado e os conduzirá à compreensão plena da verdade. Sua presença (Jo 16, 13-15). Sua presença na missão é tão essencial que os discípulos não devem partir de Jerusalém antes de receber o espírito. Somente após a sua vinda, os apóstolos poderão ser testemunhas de Cristo até os confins da terra (At 1, 6-11).

TU ME AMAS

Aparecendo aos discípulos, o Senhor ressuscitado dirige-se a Pedro, a quem escolheu como fundamento da Igreja, e lhe pergunta: Pedro, tu me amas? Apesar da resposta afirmativa do apóstolo, a pergunta de Jesus torna-se particularmente incisiva ao ser repetida por três vezes. Pela convivência Jesus conhecia o coração de Pedro e certamente sabia o quanto o apóstolo o amava. Mais que a Pedro, esta insistência quer deixar um ensinamento a todos os quantos, ao longo da história, vão consagrar a sua vida a esta mesma causa: a missão que brota de Deus somente tem razão de ser se for vivida no amor.

Em sua encíclica sobre a Missão (Redemptoris Missio), o Papa recorda que o amor é o único critério pelo qual tudo deve ser feito ou não. Se Deus intervém na história da humanidade movido unicamente pelo seu amor, este é também o único motivo válido para a Igreja, dentro dela, cada pessoa consagrar-se à missão. A missão pressupõe, portanto, discipulado e aprendizado.

Adaptação do artigo de: BALSAN, Luiz; GIRARDI, Lírio. A missão nasce do coração de Deus. Revista MISSÕES, Ano 30, n. 2, mar. 2003. Formação Missionária, p. 20-21.

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